Foram tantas as aventuras que renderam bons quilos a mais… mais para mim e menos para o Mike, claro 🙂 Mas posso dizer que aproveitamos ao máximo, fazendo desta viagem a Portugal uma experiência cultural mas também enogastronômica. Com recomendações, causos e curiosidades para contar.

E PARA COMEÇAR, APERITIVOS

Quase em todos restaurantes portugueses, assim que sentamos à mesa, são colocados os aperitivos. No mínimo pão, manteiga e azeitonas. A atitude mais sensata, pelo menos na maioria das vezes, é recusá-los. Isto porque eles pesam – no estômago (já que os pratos individuais são geralmente muito fartos) – e no bolso também. N’O Fialho em Évora, por exemplo, só o pratinho de presunto cru (maravilhoso, diga-se de passagem) acrescentou 15 euros (!) na conta final. Abaixo, uma típica mesa farta de aperitivos.

PRATO PRINCIPAL

No interior do país há muitos, muitos mesmo, restaurantes que são tocados pelo marido (que serve as mesas) e pela esposa (que geralmente fica na cozinha). Em Lisboa, cidade grande, isto já muda. E é uma delícia ser recebido e servido pelo dono, que vai dizer quais são os pratos do dia e vai saber indicar um bom vinho. Basta dizer quanto você quer gastar e do que gosta e a indicação vem certeira. E eles fazem questão de saber, ao final da refeição, se realmente gostamos do prato servido.

A maior figura da viagem encontramos no restaurante A Maria (Rua João de Deus, 12, tel +351 268 431 143), em Alandroal, cidade próxima a Évora no Alentejo. Fomos tão bem recebidos e a comida era tão boa que voltamos lá no dia seguinte! Seu Cândido nos rendeu boas risadas. Primeiro nos disse que alguns clientes brasileiros lhe tinham dito que o restaurante dele era melhor do que um ‘famoso de São Paulo, um tal de Aquarius’ (não seria Antiquarius?!?), depois nos disse que estava feliz pois um descendente de portugueses estava ‘a disputar a Presidência do Brasil, o Manoel Serra’ (não seria José Serra?!?). No primeiro dia recusei a sobremesa e disse que não podia engordar. Na saída, ele me pegou pelo braço e olhou nos meus olhos bem sério e disse: ‘A senhora não está gorda, pare com isto!’ Eu quase acreditei 🙂 Sua esposa, a Maria, vinha à mesa ao final da refeição e contava como fazia os pratos. Que borrego (cordeiro) maravilhoso… No segundo dia ela me convenceu a comer sobremesa, me levou atrás do balcão e me fez colocar a mão no Bolo Rançoso para ver como ainda estava quente, recém-saído do forno 🙂 E não me arrependi, que bolo divino… Se estiver em Évora, vale muuuito a pena ir a Alandroal e comer no A Maria.

O borrego (cordeiro) em apresentação super tradicional e ‘rústica’ no restaurante A Maria em Alandroal…

… E o borrego (cordeiro) em uma apresentação super moderna do restaurante Alma, em Lisboa.

Também comemos muito bem no Alma, em Lisboa, que foi uma indicação do @bronza, ‘amigo tuiteiro’. Confesso que ficamos surpresos no início, pois o Alma não tinha aquele ambiente ‘legítimo português’ – sendo o tipo de restaurante que, depois que você entra, poderia estar em Lisboa, Nova York ou São Paulo (atentem para a luminária – que fica girando e parece uma nuvem de verdade). Mas a cozinha do conceituado chef português Henrique Sá Pessoa é uma interpretação moderna da tradicional cozinha portuguesa. Há vários menus-degustação legais, mas quisemos escolher os pratos um a um. Além do borrego ‘moderníssimo’ da foto acima, comemos entradinhas deliciosas e um bom polvo; e uma das sobremesas da noite entrou na lista das melhores da viagem, o arroz doce perfumado com baunilha, creme de pera e raspas de chocolate negro. O vinho Alento, que tomamos no Alma, foi uma das grandes (e boas) ‘enosurpresas’ da viagem.

O outro restaurante digno de nota da viagem foi O Alcaide, na cidade de Óbidos. Também um restaurante familiar, o dono entendia muitíssimo de vinhos e tinha uma carta de vinhos enorme, que além dos rótulos vinha recheada de poemas e ditados sobre a bebida 🙂 A indicação do vinho, safra de 2003, foi a dedo e agradou muito. Aqui comemos o melhor prato da viagem, um fantástico polvo a lagareiro. O bacalhau recheado com queijo da Serra e acompanhado de maçãs e castanhas assadas estava divino também. O único senão do lugar foi a falta de boas sobremesas portuguesas.

PAUSA PARA UM CAFÉ

A MELHOR hora do dia. Os portugueses páram (e nós também parávamos) para o café com um docinho à tarde. O café quase sempre é excelente, bem tirado e ‘farto’, e não é tão caro como em outros países da Europa (cortava o coração tomar um espresso na Itália, às vezes ‘um dedo’ de café por 4 euros!). Bons segredos para aproveitar os melhores doces: primeiro, pastelaria cheia – onde há rotatividade e os doces são mais fresquinhos (e não dá para fazer como em Ribeirão Preto, onde a atendente da padaria avisa que aquele doce é do dia anterior…) e segundo, escolher o doce mais típico do lugar – geralmente mais fresco ainda.

A Pastelaria Conventual Pão de Rala (R Cicioso 47, tel. +351 266 707 778) em Évora foi uma das primeiras doces surpresas. Lugar bem escondidinho e fora de mão, mas uma jóia. O doce típico da região, o Pão de Rala (pão recheado com amêndoas e doce de gila, espécie de abóbora) e o Mel e Nozes (bolo de panquecas recheado de creme de ovos com mel e nozes) tinham acabado de sair do forno e estavam divinos.

Fiquei pensando neste nome tão diferente, ‘pão de rala’, que não tem a ver com nenhum dos ingredientes envolvidos na sua receita. E me veio à cabeça que talvez este nome possa ter origem no pão challah, considerando que o Alentejo abrigou uma grande população judaica, ali instalada desde o período da ocupação muçulmana. Quem sabe meus ‘amigos tuiteiros’ professores de gastronomia @aureateodoro, @BergamoM e @Gourmandise ou as amigas portuguesas do Facebook – Ameixa, Alcina e Helena – possam trazer uma luz ao tema 🙂

Os travesseiros de Sintra e os pastéis de Cruz Alta, junto com os pastéis e as queijadinhas de Sintra, também ficaram entre os melhores doces, na divina pastelaria Café A Piriquita (Rua das Padarias, 1, tel. + 351 219 230 626) em Sintra.

Last but not least, os melhores pastéis de nata de Portugal, na pastelaria Pastéis de Belém, ao lado do Mosteiro dos Jerônimos em Lisboa. Estes pastéis agradam tanto os ‘locais’ como os turistas e são bem famosos, pelo que o lugar está sempre muito cheio. A melhor hora é pela manhã, bem cedo, quando os turistas ainda não chegaram e os ‘locais’ estão tomando seu primeiro café com pastel de nata do dia. Depois, mais tarde, tem que ter paciência para enfrentar fila e empurra-empurra. Mas compensa, e muito. Estávamos ‘trucando’ que aquele pastel de nata seria melhor do que outros que comemos. Pois ele é! Fresquíssimo, massa folhada fininha e crocante, recheio quente e saboroso, doce na medida certa. Vale a pena.

E o ranking completo da viagem a Portugal…

Melhores restaurantes:
A Maria, em Alandroal
O Alcaide, em Óbidos
Alma, em Lisboa

Melhores pratos:
Borrego assado com batatas d’A Maria
Polvo a Lagareiro d’O Alcaide
Leitão assado a moda de Covões no Martinho da Arcada de Lisboa

Melhores sobremesas:
Manjar das Chagas do restaurante da Pousada D. João IV em Vila Viçosa
Bolo Rançoso d’A Maria em Alandroal
Arroz doce perfumado com baunilha, creme de pera e raspas de chocolate negro do Alma em Lisboa

Melhores doces:
Pastel de Nata do Pastéis de Belém em Lisboa
Pão de Rala da Pastelaria Conventual Pão de Rala em Évora
Travesseiros de Sintra d’A Periquita em Sintra

Melhores vinhos tintos:
Cartuxa Reserva 2006
Pera Manca 2005
Alento Luis Louro 2006
Quinta dos Roques Reserva 2007
Quinta do Portal 2003

Melhores vinhos brancos:
Pera Manca 2007
Esporão Private Selection 2008
Fournier Père & Fils Sancerre 2007

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Muita gente vai questionar o porquê de publicar aqui uma receita tão simples e manjada. É que este bolo de iogurte é um coringa que merece ser repartido com todos que ainda não o conhecem. Ele é muito fácil, muito rápido, muito gostoso e muito versátil.

Primeiro, você vai sujar só três utensílios: o copo do liquidificador, uma colher de sopa e a forma do bolo. Segundo, entre acender o forno e preparar o bolo, você vai levar menos de 10 minutos. Terceiro, qualquer um é capaz de fazer este bolo, não exige destreza. Quarto, os ingredientes que vão nele são aqueles que normalmente temos em casa, não precisa sair correndo para comprar. Quinto: você pode fazer bolo de iogurte de qualquer sabor. Esta pode ser sua única receita de bolo, mudando-se apenas os complementos.

Neste, usei baunilha e sementes de papoula. Você pode usar raspas de limão ou de laranja, chocolate em pó, canela e banana amassada, coco ralado e granulados de chocolate, geléia, etc. Sua imaginação que manda. E a massa fica sempre macia e úmida.

Bolo de iogurte

4 ovos inteiros
1 pote de iogurte natural
2 potes (medida do iogurte) de açúcar
2 potes (medida do iogurte) de farinha de trigo
½ pote (medida do iogurte) de óleo de milho ou outro
1 colher (sopa) cheia de fermento em pó
2 ‘tampinhas’ de essência de baunilha (usei uma fava de baunilha)
2 colheres (sopa) de sementes de papoula (opcional)

Bater no liquidificador todos os ingredientes, menos as sementes de papoula. Desligar o liquidificador e acrescentar as sementes de papoula. Misturar bem e levar ao forno pré-aquecido (180º C) em forma untada e enfarinhada. Assar por 30 minutos ou até o palito sair limpo. OBS. Usei o pote de iogurte de 170 gramas. Pesquisando, vi que no mercado há potes entre 170 g e 200 g. Acredito que não fará diferença usar um ou outro. Apenas mantenha a proporção indicada na receita.

Pra que complicar com buttermilk? Vai no iogurte mesmo que dá certo! 🙂

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Quem me ‘apresentou’ à Heloísa Bacellar foi a Carla, minha amiga de Ribeirão Preto. A Carla a conhece pessoalmente e sempre falou maravilhas das receitas, dos pratos e dos livros da Heloísa. Foi um pulo para comprar os dois primeiros livros dela, Cozinhando para Amigos e Entre panelas e tigelas. E posso dizer que estes dois livros estão entre os mais queridos da minha biblioteca gastronômica.

Estes livros passaram até apuros de fã comigo. No ano passado, estava programada uma palestra da Heloísa Bacellar na 9ª Feira do Livro de Ribeirão Preto. Entre tanta gente que viria – Ana Luiza Trajano, Olivier Anquier, Rubens Ewald Filho – me organizei para assistir a palestra da Heloísa e lá fui eu para o centro da cidade, enfrentar a muvuca e tentar achar uma vaga em algum dos estacionamentos sempre lotados na região, especialmente naquela época. No dia, cheguei atrasada e corri por três quarteirões com os livros embaixo do braço (eles pesam bem uns 3 quilos juntos). Quando cheguei, tudo vazio… a Heloísa Bacellar havia cancelado a palestra, por conta de um problema ortopédico. Voltamos, frustrados, eu e meus livros para casa. No autographs for you 🙂

Pois desde que comprei os livros da Heloísa, estou de olho neste risoto, que foi publicado no volume Cozinhando para Amigos. Sabe aquele prato cujos ingredientes, separados, são da sua total paixão? Pois é. Eu adoro abobrinha. Adoro pistache. Amo camembert. E manjericão é a minha erva predileta. A combinação de todos eles resultou numa explosão de texturas – o sabor mediterrâneo da abobrinha, o frescor do manjericão, a ‘crocância’ do pistache, a cremosidade do camembert. Simplesmente perfeito.

Risoto de abobrinha, manjericão, pistache e camembert


90 g de manteiga
1 dente de alho amassado
4 abobrinhas italianas pequenas, raladas com a casca
1 cebola bem picada
3 xíc (chá) de arroz arborio
1 xíc (chá) de vinho branco seco
1 ½ l de caldo de legumes fervente
1 xíc (chá) de folhas de manjericão
200 g de queijo camembert em cubinhos (para os veggies, não colocar o queijo)
½ xíc (chá) de pistache sem casca torrado e moído grosseiramente
sal e pimenta-do-reino ralada na hora a gosto

Numa panela grande, aqueça um terço da manteiga e refogue um pouco o alho, sem queimar. Junte a abobrinha e uma pitada de sal e deixe murchar. Reserve. Junte mais um terço da manteiga à panela, refogue a cebola e acrescente o arroz. Misture e coloque o vinho. Deixe evaporar, junte 1 col (chá) rasa de sal e vá colocando o caldo aos poucos, sempre mexendo e acrescentando mais caldo à medida em que o risoto vai secando.Depois de uns 15 minutos, pouco antes do cozimento total do risoto, junte a abobrinha reservada, misture cozinhe mais uns 3 minutos. Desligue o fogo e acrescente o terço restante da manteiga, o manjericão, o pistache e o queijo camembert. Sirva imediatamente.

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Ando meio cansada desta ode consumista que vem se espalhando feito praga nos últimos tempos. Hoje, lendo este post da Taís Vinhas do Ombudsmãe, percebo que não sou só eu que tenho esta birra com um dos hobbies mais cultuados pelos brasileiros – as compras.

Fico boba em ver o tamanho e a quantidade das malas dos brasileiros nos check-ins dos aeroportos! Me dá vergonha, juro… Nos EUA, a grande Meca deste povo do consumo, trocam facilmente passeios por compras. Ouvi recentemente de uma amiga que deixaram de ir aos parques da Universal Studios ‘porque senão não daria tempo de fazer compras’ – alô?? E compram nos outlets como se não houvesse amanhã. Sim, é mais barato. Mas será que precisa comprar tanta coisa?

Ontem na lavanderia uma pessoa deixava mais de 15 casacões para lavar. Detalhe: contava que a família, de quatro pessoas, tinha viajado para o frio. Não pude deixar de lembrar que minha família de quatro pessoas também acabou de voltar do frio e que estava na lavanderia buscando os QUATRO casacos que tínhamos levado.

Não é só gente dita ‘de posses’ não! Escutei um dos garotos que jogava futebol na rua, outro dia, vangloriando-se de possuir mais de 10 chuteiras. Vejo minha funcionária se endividando por causa de roupas e bijuterias novas. E celular? É um por ano! “Ah, mas a gente troca os pontos, não custa nada!” Há gente que realmente acredita nesta balela? Fora o desapego ecológico – eu me sinto mal quando jogo qualquer tipo de eletrônico no lixo, juro.

Não posso com gente que acha mais importante dar um presente caro no seu aniversário do que telefonar, se mexer para dar pessoalmente um abraço e mostrar carinho, afeto e atenção. Tem acontecido tanto ultimamente… Já percebi que este é o grande ‘barato’ de alguns amigos e há casos em que infelizmente entro na dança para não ter dissabores e recebo telefonemas eufóricos agradecendo… “Ah… não precisaaaaaaava gastar tanto comigo!!”, mas lambendo os beiços de emoção.

Sim, eu sou consumista! Assumo. Vai ter gente que me conhece bem jogando pedras no meu telhado de vidro 🙂 Mas a questão não é esta. É o exagero. É a vinculação do afeto aos bens materiais. É o endividamento, o cheque especial, as prestações ao invés da poupança para o futuro. Ou seja, a herança e os valores que queremos passar aos nossos filhos. Obs. Este texto foi originalmente publicado no blog A Roupa Nova do Rei.

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Semana passada contei aqui no blog sobre a ida da minha confraria de vinho à vinícola Bonucci, em São Carlos, no interior de São Paulo. Pois encerramos a visita com chave de ouro, brincando de ser enólogos.

Vocês se lembram daqueles jogos de química que adorávamos quando crianças, que vinham com pipetas, tubos de ensaio e copos medidores? É algo parecido, mas ao invés de brincar de misturar substâncias químicas, brincamos de misturar vinhos varietais para fazer nosso próprio assemblage. Um vinho com a nossa assinatura.

O objetivo do jogo, como diz o próprio Victor Bonucci, criador do ‘kit do enólogo’, é fazer um vinho que seja superior aos seis vinhos varietais que compõem o kit: um Cabernet Sauvignon “barricado”, um Cabernet Sauvignon sem barrica, um Merlot, um Cabernet Franc, um Marselan e um Ancelotta – todos produzidos na vinícola gaúcha Larentis, onde Victor fez estágio antes de abrir sua própria vinícola.

Realmente foi interessante perceber como é complexo o trabalho do enólogo e como os vinhos varietais ‘crescem’ quando misturados entre si. É quase como preparar um prato e colocar nele os ingredientes fundamentais e os temperos na medida certa para deixá-lo equilibrado. Assim como um prato, um vinho nunca será igual a outro, depende da ‘mão’, da experiência e do talento do cozinheiro!

Formamos cinco grupos, e após tentativas e erros, cada grupo chegou na sua fórmula perfeita. Abaixo, um quadro com nossas assemblages.


GRUPO 1

CaBSv Bar – 5%
CaBSv – 35%
CaFr – 35%
MeL – 20%
MrS –
AnC – 5%

GRUPO 2

CaBSv Bar –
CaBSv – 70%
CaFr –
MeL – 25%
MrS –
AnC – 5%

GRUPO 3

CaBSv Bar – 10%
CaBSv – 10%
CaFr – 5%
MeL – 70%
MrS –
AnC – 5%

GRUPO 4

CaBSv Bar – 50%
CaBSv –
CaFr – 10%
MeL – 30%
MrS – 5%
AnC – 5%

GRUPO 5

CaBSv Bar – 50%
CaBSv – 20%
CaFr – 30%
MeL –
MrS –
AnC –

Legendas:
CaBSv Bar
– Cabernet Sauvignon “barricado”
CaBSv – Cabernet Sauvignon sem barrica
CaFr – Cabernet Franc
MeL – Merlot
MrS – Marselan
AnC – Ancelotta

OBS. Este texto foi originalmente publicado no blog Rosmarino e Prezzemolo.

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Não sei se já contei que faço parte de uma confraria de degustação de vinhos, a Turma do Vinho Nelson Barbieri. Esta confraria surgiu quando morávamos em Araraquara, entre amigos que dividiam a mesma paixão. A coisa foi crescendo e hoje são mais de 10 pessoas se reunindo, sendo que alguns se mudaram de Araraquara – foram para Florianópolis, Valinhos e Ribeirão Preto (nós) – mas nossa ‘amizade enófila’ continuou forte! É uma confraria bem divertida e despretensiosa. A ideia é nos divertimos, em primeiro lugar. E em segundo lugar conhecer um pouco mais sobre vinhos, experimentar, trocar informações e impressões, encontrar ‘achados’, etc.

Recentemente, um dos membros da Turma sugeriu uma visita à Vinícola Bonucci, em São Carlos, no interior de São Paulo. Vinícola em São Carlos?? Em um primeiro momento, também estranhamos a coisa. Confesso que não tinha grandes expectativas em relação à visitação. O Brasil já não é um produtor de vinhos dos mais ‘calibrados’ e a região vinícola por excelência é a Serra Gaúcha, além da serra de Santa Catarina, entre outros poucos locais que reúnem condições apropriadas para se fazer um vinho de boa qualidade.

Mas São Carlos tem o Victor Bonucci! O Victor foi executivo de multinacional durante anos, viajou muito, bebeu centenas de vinhos e visitou dezenas de vinícolas pelo mundo. E quando se aposentou resolveu realizar um antigo sonho: montar uma vinícola nas terras que herdou da família em São Carlos. O Victor é um sonhador, sem dúvida, mas com os pés no chão e com cabeça de engenheiro. Estudou o assunto por mais de 20 anos e fez estágios em vinícolas.

Ele menciona um estudo de zoneamento da EMBRAPA que mostra as regiões ideais para produção de uva e vinho de qualidade no Estado de São Paulo. O estudo traçou um paralelo das regiões paulistas com tradicionais terroirs, e concluiu que a região de São Carlos tem semelhanças com as regiões francesas de Cognac, Agen, Toulouse e Bordeaux; assim como com Napier na Nova Zelândia. Victor frisa que não é o clima frio que propicia uma boa produção de uvas de qualidade, e sim três fatores fundamentais: a boa drenagem da terra (que lá é arenosa e tem baixo teor de argila), a insolação (S. Carlos tem 2.300 horas/ano de sol, enquanto a Serra Gaúcha tem 1.800) e a amplitude térmica (na região a temperatura varia em média 10 graus entre o dia e a noite).

As primeiras videiras, com mudas criadas a partir de matrizes francesas, foram plantadas em 2006. Hoje já são 3.000 pés de Siraz, 1.150 pés de Cabernet Sauvignon e 1.150 pés de Merlot. Victor pretende colher sua primeira safra este ano. Mas ele já testou todos os equipamentos e sua linha produção com uvas compradas no Sul do país, e já têm engarrafados alguns primeiros exemplares com rótulo da Bonucci.

É claro que há muito que aprender. A Bonucci, por exemplo, foi bastante castigada por estas chuvas de janeiro, o que acabou por afetar as parreiras. Há percalços e uma ‘história vinícola’ não se constrói em alguns anos, mesmo com semelhanças com Bordeaux, é preciso ter chão para fazer vinhos ‘competitivos’ com aqueles das regiões francesas. Mas o Victor Bonucci é daquelas pessoas que pode, sem dúvida, começar a construir uma história.

Semana que vem conto para vocês como brincamos de enólogos na Vinícola Bonucci!

OBS.Este texto foi publicado originalmente no blog Rosmarino e Prezzemolo.

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Muito difícil falar de religião. E até por isto relutei em escrever uma resenha do livro The God Delusion, do Richard Dawkins. Mas o livro desperta curiosidade e várias pessoas me pediram a opinião sobre ele. Vamos lá. É bom começar esclarecendo minha posição sobre religião, para que o leitor possa conhecer a “lente” pela qual enxergo o tema. Na prática, sou mezzo católica e mezzo anglicana (acabando em pizza mesmo), filosoficamente sou extremamente aberta a quaisquer ideias religiosas (ou não-religiosas!), desde que sigam o preceito básico da tolerância (já falei sobre educação com tolerância neste post).

Há duas historinhas, provavelmente lendas bonitinhas, mas que mostram bem como penso a religião. A primeira diz que Gandhi, quando perguntado a que religião pertencia, respondeu: “Sou Hindu, sou Muçulmano, sou Judeu, sou Cristão e sou Budista”… Outra diz que o Dalai Lama, quando perguntado qual seria a melhor religião do mundo, respondeu que era “aquela que te faz ser uma pessoa melhor”. E serve como uma luva esta placa que fotografei na frente de um centro de ioga no Village, em Nova York.

True is one. Paths are many.

Dito isto, foi com ‘boa’ pré-disposição que iniciei a leitura deste livro. Gosto de temas que desafiam, que mostram outras maneiras de entender um pré-conceito e que nos fazem pensar. O autor acerta muito em chamar a atenção para a questão da posição privilegiada que a religião tem hoje no mundo. De fato, há uma presunção geral de que a religião é especialmente vulnerável às ofensas; organizações religiosas baseadas em qualquer crença, seja antiga ou moderna, criada há mil anos ou ontem, têm em quase todos os lugares isenção de impostos e facilidades políticas. Organizações religiosas têm uma liberdade quase ilimitada (nos EUA inclusive sustentada pela jurisprudência) de exercer preconceitos e disseminar o ódio e a intolerância. A Primeira Emenda da Constituição norte-americana garante a liberdade de expressão, desde que esta expressão não dissemine ódio – já a liberdade religiosa não tem esta limitação.

Como cientista, o autor sustenta que a existência de Deus é uma hipótese científica como qualquer outra. Como biólogo, baseia muito sua tese de que Deus não existe na teoria da evolução. Assim, em última instância, quer provar que qualquer inteligência criativa e suficientemente complexa existe somente como um produto final de um extenso processo de evolução gradual e não de uma inteligência superior e sobrenatural. E diversos exemplos vêm disto: as pessoas são boas não porque querem um lugar no reino dos Céus, mas porque necessitam disto para sobreviver na natureza – nosso altruísmo seria genético, para preservar a espécie.

Mas o autor peca por duas razões principais. Primeiro, é um tanto arrogante e fala demais de si mesmo e dos embates e discussões que já teve. Segundo, mostra-se tão apaixonado pelo tema que comete um pecado mortal para um cientista – na máxima de Carlos Maximiliano, “apaixonar-se não é argumentar”. Dawkins é muito cuidadoso e ‘preciosista’ com pesquisas, números e argumentos contrários à religião, mas não age da mesma forma do outro lado. Assim, abusa um pouco de estatísticas traiçoeiras e manhosas.

Exemplos estão abaixo, se não quiser spoilers, pule os três próximos parágrafos.

Na página 102, o autor menciona que uma pesquisa feita com um “grande número de americanos selecionados aleatoriamente” (quantos seriam ‘um grande número’?) mostra que quanto maior o grau acadêmico, menos religiosa é a pessoa; e que a religiosidade é inversamente proporcional ao interesse pela ciência e o liberalismo político. Questiono muito esta estatística que provavelmente é restrita a um pequeno universo e cujas conclusões são temerosas. Outro exemplo: na página 229, menciona um texto e estatísticas que dizem que “embora a filiação político-partidária nos EUA não seja um perfeito indicador de religiosidade, números mostram que a violência e a criminalidade são maiores nos Estados dos congressistas cristãos conservadores”…

Na página 249 menciona um cientista Prêmio Nobel que diz: “religião é um insulto para a dignidade humana. Com ou sem ela, teremos pessoas boas praticando o bem e pessoas más praticando o mal” – até aí, tudo bem. Mas fecha muito mal sua colocação inicialmente ponderada: “mas para pessoas boas fazerem o mal, é preciso a religião”. Mais um exemplo de argumentação que descamba para a paixão: na página 259, o autor reconhece que “a religião é um rótulo para a inimizade ente grupos e para a vingança – não necessariamente pior que outros rótulos como cor da pele, idioma, ou time de futebol, mas frequentemente à disposição quando outros rótulos não estão” (?)…

Muitas vezes usa os argumentos conforme sua conveniência: na página 273, quando fala de Hitler e Stalin, diz que “não importa se Hitler ou Stalin eram ateus, mas se o ateísmo sistematicamente influencia as pessoas a fazerem o mal. Não há a menor evidência que o faz” (Mas a religião sim…?! Com base nas generalizações e estatísticas que ele colhe ao acaso). O mesmo argumento usa para a guerra. Mas o fato do ateísmo não levar às guerras não necessariamente significa que a religião leva! Não sou nenhuma historiadora, mas pelo pouco que estudei vejo que as guerras no mundo quase sempre têm uma motivação econômica por trás, normalmente de escassez – seja de dinheiro, de empregos, de terras, de recursos naturais. Ainda que hoje em dia tenhamos a ‘Guerra Santa’ explodindo por aí. E por vezes as guerras são fruto de fenômenos como Hitler e Stalin – passando por Idi Amin Dada e Pol Pot – cujos denominadores comuns não têm qualquer relação com religião e são o carisma, o poder, a loucura e a maldade.

Quase sempre, no livro, os religiosos são pintados como fanáticos, violentos e irracionais. O autor não considera que existem milhares de religiosos pacíficos e ponderados no mundo! Os exemplos de ponderação são quase sempre de não-religiosos. Ele dá exemplos de cartas e emails violentos enviados para sites que pregam o ateísmo. Ora, maluquice não é privilégio de religiosos não – tenho amigas que tem blogs de culinária e já foram ameaçadas de morte. Tem louco para tudo no mundo. Para mim, a pior parte do livro é a referência à pedofilia. Se não quiser mais um spoiler, pule esta parte.

Na página 316, Dawkins fala sobre os pedófilos. Diz que a “histeria contra os pedófilos assumiu proporções epidêmicas e vem levando os pais ao pânico”. Menciona que um jornal britânico de segunda linha iniciou em 2000 uma campanha que incentivava a violência contra os pedófilos, motivado por um crime real, a morte de uma garota de 8 anos que foi sequestrada e estuprada. Mas o autor chega ao ponto de afirmar: “no entanto, é claramente injusto jogar sobre todos os pedófilos uma vingança apropriada apenas à pequena maioria que também é assasina”. Como é?? Muita bondade e compreensão para quem é implacável com os religiosos. Chega a dizer que nas três escolas que freqüentou havia professores “cuja afeição por meninos pequenos ultrapassava as barreiras do que era apropriado” – mas que mesmo assim o autor se “sentiu obrigado a vir na defesa deles, inclusive como vítima de um deles (em uma experiência embaraçosa mas que não deixou danos)”. Não entendo como ele pode achar isto muito melhor do que os padres professores que ameaçavam as crianças com o fogo do Inferno. Questão de opinião, mesmo.

Ele advoga a extinção de Igrejas e de padres, citando exemplos de pessoas traumatizadas por experiências de infância com padres que aterrorizavam prometendo castigos, o Inferno, etc. Ora, se for assim, devemos abolir também as escolas por conta daqueles professores que não ameaçam com o castigo de Deus, mas são capazes de dizer a um aluno que ele é ‘burro’ e que ‘não vai ser nada na vida’, como existem casos por aí. Isto é melhor de alguma forma? Devemos culpar a totalidade de escolas e professores por estes exemplos isolados? Então não podemos também culpar a totalidade das Igrejas e padres.

Voltando à tese do livro, o autor observa que a religião preenche quatro lacunas na vida humana: explicação, exortação, consolação e inspiração. Concordo com o autor quando ele diz que, historicamente, a tarefa de explicar nossa existência e a natureza do Universo no qual nos encontramos já foi – melhor dizendo, vem sendo – suprida pela Ciência. Por exortação o autor quer dizer instruções morais, ou como devemos nos comportar. Parte disto de fato se deve à solidariedade da espécie, como o autor defende, mas na minha opinião ainda há muito que explicar. Assim como os contos de fadas ajudam às crianças a expor seus medos e levam ao auto-conhecimento, também a religião pode satisfatoriamente fazer isto. Claro, a religião como nós, eu e você, a praticamos e não a religião fundamentalista que é tão ruim como qualquer outro meio de disseminação de proconceitos, ódio e intolerância. Na difícil questão do consolo, o autor usa uma argumentação muito frágil. Compara a religião com os amigos imaginários e as muletas de afeto das crianças, como chupetas e cobertores. Ele quer dizer que, quando amadurecemos, teoricamente não necessitamos mais destas muletas psicológicas par vivermos bem e felizes.

Tão difícil entrar nesta seara… eu mesma não consigo escapar do consolo que a religião oferece no caso da morte de pessoas queridas. Preciso, quero e acredito que minha avó, que foi uma mãe para mim e cuja morte senti muito, está lá (onde quer que seja este lugar) nos vendo e zelando por nós, que ela de alguma forma conheceu os meus filhos e acompanha a minha vida. Possivelmente sou um ser humano imaturo, mas enfim, difícil achar quem não seja.

Por fim, sobre a inspiração, o autor pega mais leve e diz que “é uma questão de foro íntimo e o método de argumentação que vai usar é mais retórico que lógico” Tenta trabalhar na abertura dos horizontes e na ampliação da nossa visão, mas não convence. Não vejo porque tirar os benefícios da religião utilizada para esta função. Já saí de algumas missas muito inspirada, de alma leve, tendo aprendido alguma coisa interessante. E acho que isto vale para milhares de pessoas. Mesmo que algumas vezes a inspiração seja usada para o mal.

Mas leia o livro! Gostaria muito de ouvir outras opiniões. Obs. 1 Li o livro em inglês, assim as traduções para o português deste texto são todas minhas. Aceito críticas. Obs. 2 Este texto foi originalmente publicado no blog A Roupa Nova do Rei.

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Toda vez que viajamos fazemos a lição de casa antes. Primeiro, pedindo dicas aos amigos descolados, depois passeando pelos blogs de viagem mais legais e por fim fazendo a pesquisa obrigatória no Trip Advisor, para nós o melhor site de viagens que existe. Pois nos chamou a atenção o fato do Food Tasting and Cultural Walking Tour do Chicago Food Planet estar entre as cinco melhores atrações da cidade pelo TripAdvisor. Resolvido. Tivemos muita sorte de pegar um dia lindo, ensolarado.

Como funciona? São dois trajetos, sendo que fizemos o Near North, que circula pelo Old Town de Chicago. O grupo, que pode ter no máximo 12 pessoas (o nosso tinha só quatro), encontra-se com o guia (no caso a Ariela, super simpática e com ótimo conhecimento dos arredores) no primeiro lugar a ser visitado. Daí, vamos a pé pelo bairro do Old Town, escutando pelo caminho curiosidades a respeito da arquitetura e da cultura local, além de visitarmos sete lugares ligados à comida. Andamos bem, são cerca de 3 quilômetros durante 3 horas de passeio. É tudo muito organizado. Logo no início recebemos o mapa do trajeto, explicações de como voltar ao ponto inicial, endereço completo de todos os locais a ser visitados e cupons de desconto para voltar depois, já que durante o tour não é permitido fazer compras. Em cada ponto de parada, há uma pequena explicação sobre o lugar.

Queria compartilhar com vocês este passeio tão legal. A seguir, fotos e explicações para que também possam viajar conosco em um Food Tasting and Cultural Tour virtual!

Food Tasting and Cultural Tour do Chicago Food Planet

1. Ashkenaz Deli

Encontramos o grupo nesta pequena e bem típica delicatessen judaica, onde experimentamos o Reuben, sanduíche criado no início do século e que depois virou um clássico nos EUA. Com pequenas variações, é feito com pão integral, pastrami ou corned beef (espécies de embutidos feitos com carne de boi curada), queijo suíço, chucrute e molho Russian (uma maionese bem temperada com cebola picada, alcaparras, raiz forte, ketchup, páprica, ervas, etc). Delicioso…

Este sanduíche, que normalmente vem com quase 10 cm de pastrami no pão integral, deve ser o precursor daquele famoso sanduíche de mortadela do Mercadão em São Paulo… A foto do Reuben que eu comi não ficou legal, então pedi esta emprestada daqui para vocês terem uma ideia como ele é.

 

2.Tea Merchants/Tea Gschwendner

Sim, a loja é diferente mas é a mesma marca da que tem em São Paulo, capital. Foi bem legal aprender mais sobre a bebida mais consumida no mundo e entender as diferenças entre chá branco, verde, preto, etc. Também aprendemos a fazer chá da forma correta, sem deixar a água ferver e sem deixá-la horas na infusão com a planta. E experimentamos um chá gelado divino, Cranberry Mango Green Tea. Comprei mais tarde neste lugar o melhor chá que eu já bebi na vida, o africano Rooibush, aromatizado com Cream Caramel, não tem nada igual. E não tem cafeína, sendo ótimo para tomar à noite. Se puderem, experimentem!

Isto é Old Town Chicago… ruas limpas, largas e arborizadas.


3. The Spice House

A ME-LHOR parte do passeio para mim! Da esquina dava para sentir aquele cheiro divino de mistura de especiarias. Dentro, uma loja antiga, com cara de entreposto, cheia de sacos, caixas, potes, potinhos e cheiros deliciosos por todos os lados. No próprio porão da loja eles ralam, secam, preparam misturas, pesam e embalam. Também teve uma mini aula sobre pimentas e canelas. Difícil resistir aqui! Eu queria comprar tuuudo. Quem quiser babar, dá uma olhada no catálogo deles – só de sal e mixes de sal tem 24 tipos diferentes (eu devia ter deixado para comprar a flor de sal aqui, mas já tinha comprado em NY, voilà…)

4. Old Town Oil

A segunda melhor parada do passeio. Uma loja só de azeites e balsâmicos, de todas as idades, acidez, aromatizados ou não 🙂 Eles têm mini copinhos para degustação e indicam na hora incríveis misturas entre os dois, como por exemplo aceto aromatizado com cranberry e azeite aromatizado com manjericão – juro, gente, é bom 😉 É bem legal também degustar e comparar acetos de vários graus de envelhecimento.

Esta placa estava lá na parede do Old Town Oil.

5. The Fudge Pot

Fábrica artesanal de chocolate que, como a maioria dos estabelecimentos do Food Tour, é antiga e familiar. Os fundadores eram ex-funcionários chocolateiros da fábrica de chocolates Hershey’s, na parede da loja tem fotos e a história deles.

E vamos andar mais um pouquinho, ver mais da arquitetura deste bairro antigo da cidade…

6. Catering/Chocolate

Esta é a loja do Chef Chocolatier Jay Shindler, que é um dos mais badalados caterers da cidade. Seu serviço de buffet atende hoje o Presidente Obama quando está em Chicago, além de outras personalidades. Dentro do tour, foi o lugar mais sem-graça, enfim… Provamos queijos e um hummus que estava gostosinho, só.

7. Bacino’s Pizza

Atenção, paulistas e paulistanos… A pizza Chicago-style, chamada por uns de stuffed pizza e por outros de deep-dish pizza (há os que acham que diferem ligeiramente uma da outra) não é uma pizza propriamente dita, mas uma torta-pizza. Nesta pizza inventada em Chicago no restaurante Uno e da qual eles têm o maior orgulho, a massa é colocada no fundo e nas laterais de uma forma redonda de pelo menos 3 cm de altura, bem untada com azeite, e sobre a massa vão queijos, carnes, vegetais etc. Por cima, um molho normalmente feito com tomates crus. O interessante desta pizza da Bacino’s, onde terminou nosso Food Tour, é que é feita com mussarela light e molho de tomates praticamente sem gordura. Assim, ela é saborosa mas não tão calórica. Foi um ótimo encerramento. 🙂

OBS. Este texto foi publicado originalmente no blog Rosmarino e Prezzemolo.

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A coleção de arte pública de Chicago é reconhecida internacionalmente. São dezenas de trabalhos planejados e executados para áreas públicas, na maior parte espaços abertos e acessíveis a todos. São esculturas, monumentos, memoriais, murais, fontes e outras instalações, que se espalham pela cidade como pequenas (ou grandes) surpresas.

É preciso camelar para ver quase tudo, mas boa parte se concentra nos principais parques – Lincoln Park, Oak Park, Grant Park e o Millenium Park. Outras estão espalhadas pelo Loop e arredores.

As duas obras mais representativas estão no Millenium Park: a Crown Fountain e o Cloud Gate, mais conhecido como the bean(‘o feijão’). Lindos, surpreendentes!A Crown Fountain, desenhada pelo artista espanhol Jaume Plensa, foi inspirada no povo de Chicago. São dois blocos de torres de vidro com uma piscina de águas rasíssimas no meio, onde as crianças adoram brincar. As torres projetam imagens em LED de rostos de mil moradores da cidade. O efeito da água fluindo através de um buraco nas torres dá a ilusão de que as pessoas estão ‘cuspindo’ água pela boca. É uma referência ao tradicional uso de gárgulas nas fontes, nas quais rostos de figuras mitológicas eram esculpidas com bocas abertas para saída da água, um símbolo de vida.



O Cloud Gate é o primeiro trabalho de arte pública do artista britânico de origem indiana Anish Kapoor a ser exposto nos EUA. A escultura elíptica, que pesa 110 toneladas, é inspirada no mercúrio líquido e é formada por uma sobreposição de placas de aço altamente polidas e sem contornos marcados, que funcionam como um espelho e refletem o skyline da cidade e as nuvens sobre ele. O arco no meio funciona como um ‘portão’ para entrar na câmara côncava sob a escultura, onde os visitantes podem tocar a superfície da escultura e ver suas imagens refletidas sob uma variedade de perspectivas. Este trabalho mostra a genialidade do Kapoor, para mim um dos grandes artistas da atualidade. Incrível mesmo!


Há tantos outros trabalhos que é difícil escolher o que postar aqui! A seguir, uma amostra de outras public art em Chicago que chamaram minha atenção. As fotos sem créditos são minhas, as demais estão identificadas.

A God Bless America, de J. Seward Johnson Jr., é outra interessante. Inspirada em um famoso quadro de Grant Wood de 1930, “American Gothic”, mostra um casal de fazendeiros americanos coloniais. É uma das imagens de arte do século XX mais familiar aos americanos, e uma das mais parodiadas também. Na instalação itinerante de Johnson Jr., o casal de fazendeiros ganha malas e viaja pelos EUA. Esta foi montada em 2008 e veio de Key West, na Florida. Está atualmente estacionada na Michigan Avenue em Chicago.

Sim, tem Picasso e Miro ao ar livre em Chicago 😉 A escultura conhecida simplesmente como The Picasso fica no Daley Plaza e foi criada a partir de uma maquete de uma escultura de Pablo Picasso de 1965 que está exposta no Art Institute of Chicago. O próprio Picasso aprovou a montagem, que virou domínio público em 1970. O Miro de Chicago, inicialmente denominado O sol, a lua e uma estrela, é de 1981 e também fica no Daley Center. Já o Flamingo de Alexander Calder, no Federal Plaza, é de 1974.

http://www.cirrusimage.com/chicago/chicago_picasso_xx.jpg

Crossing do Hubertus von der Goltz, que mostra o delicado equilíbrio entre o distrito comercial e o distrito cultural da cidade, que se convergem no corredor da rua LaSalle.

fonte: http://chicago-outdoor-sculptures.blogspot.com/2009/03/crossing.html

A “escultura sonora” de Harry Bertoia, criada em 1975, uma fonte que produz sons advindos de filamentos de cobre encaixados em bases de granito.

fonte: http://www.diddit.com/activity-fqrgbx/outdoor-sculptures-chicago/untitled-sounding-sculpture-bertoia/

No Hyde Park, a Fountain of Time lembra o estilo do Monumento às Bandeiras paulistano.

fonte: http://pcj.typepad.com/planning_commissioners_jo/2007/12/the-fountain-of.html

No Grant Park, chama a atenção de longe a Agora, de Magdalena Abakanowicz, de 2006. A instalação mostra 106 figuras humanas, todas diferenciadas por algum detalhe, mas sem cabeças. Descrita pelo autor como o “eu contra o mundo todo”.

fonte: http://www.abakanowicz.art.pl/permanent/Agora2950.php

Se quiser saber mais, o blog Public Art in Chicago mostra uma coleção bem completa destas obras.

fontes de pesquisa:
http://www.millenniumpark.org/
http://www.explorechicago.org/city/en/supporting_narrative/attractions/dca_tourism/Featured_Public_Art.html
http://www.chicagotribune.com/entertainment/arts/chi-publicart-080501-gallery,0,7905996.photogallery
http://en.wikipedia.org/wiki/Chicago

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Chicago foi uma grande surpresa. Não esperava mais do que uma cidade grande norte-americana, mas Chicago consegue ser bonita, limpa, organizada e cool ao mesmo tempo.

Primeiro, come-se muitíssimo bem na cidade. Chicago é hoje a capital da gastronomia molecular nos EUA. Sede do Alinea, comandado pelo chef Grant Achatz e considerado por muitos o melhor restaurante dos EUA hoje, também abriga o restaurante Moto de Homaru Cantu, outro chef criativo e inovador. Foi no Moto nosso jantar inesquecível na cidade. Há muitos outros restaurantes bons e descolados, tais como o Graham Elliot, o Tru, o L20, o Frontera Grill. Para os que curtem fast food, foi em Chicago que surgiu a deep dish pizza, uma pizza tipo ‘torta’ famosa no país todo. Também fizemos em Chicago um tour gastronômico a pé, organizado pela Chicago Food Planet, muito original e interessante.


Em Chicago, home of the Blues, ouve-se muita música boa. Foi lá que surgiram nos anos 50 e 60 os clubes e as comunidades de artistas que tocavam blues. E há muita comédia stand up boa na cidade, sede do Second City, um teatro e centro de formação de onde saíram comediantes famosos como Tina Fey e Mike Myers. E, assim como em Nova York, há uma grande diversidade cultural – a diferença é que em Chicago é tudo mais ‘espalhado’ por conta da geografia da cidade, enquanto que em NY fica quase tudo lá, walking distance, em Manhattan. Ah! A maioria das lojas que os brasileiros gostam de freqüentar também estão lá, porém com menos filas.


Mas há duas características principais que tornam Chicago única: a arquitetura e a public art.

Chicago foi, no passado, uma daquelas cidades cujo crescimento muito rápido trouxe os tradicionais problemas urbanos. Sua reputação no século XIX era de ser a cidade mais suja dos EUA. Depois de sofrer um incêndio em 1871 que destruiu boa parte da cidade, seus administradores resolveram reconstrui-la de outra forma. Daí nasceu a escola de arquitetura de Chicago, conhecida mundialmente por ser a precursora dos arranha-céus e por construir de forma rápida, prática e eficaz. É uma arquitetura cuja imponência muitas vezes está alicerçada numa reverência à praticidade, à economia, ao respeito à malha viária e ao planejamento urbano.

Qualquer estudante de arquitetura e urbanismo, se tiver condições, deve ir a Chicago. Há architectural tours organizados pela Chicago Architecture Foundation fantásticos, onde os guias explicam detalhadamente sobre épocas, ideias, formas, escolas e contextos. As paisagens dos arranha-céus são impressionantes, lindas mesmo. Uma boa maneira de começar a estreitar os laços com o skyline é fazer um passeio de barco. Tanto o trajeto pelo rio Chicago como o trajeto pelo lago Michigan são interessantes. E juntar os dois em um combined tour economiza tempo e dinheiro, vale a pena. São diversas as opções.


A public art reúne esculturas, monumentos, memoriais, murais, fontes e outras instalações, que se espalham pela cidade como pequenas (ou grandes!) surpresas. É preciso camelar para poder ver quase tudo, mas boa parte se concentra nos principais parques – o Lincoln Park, o Grant Park e o Millenium Park. Outras estão espalhadas pelo Loop e arredores. Muito, muito legal.


Em tempo: Não é toa que Chicago aparece entre osTop 25 Destinations in the World chosen by Europeans no Trip Advisor Traveller’s Choice 2010!

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Esta receita é da minha mãe 🙂 É feita na casa dela há muitos anos, e tem gente no grupo de Amigos do Rosmarino que certamente já a experimentou. Não sei dizer, e acho que nem ela sabe, de onde surgiu a receita. Mas que é uma delícia e faz sucesso, isto faz.

É um bolo denso, bem molhadinho, quase uma torta mesmo, pois é feito com o doce de abóbora com coco caseiro. Uma parte do doce é separada para fazer a cobertura e o restante vai na mistura do bolo. Fiz apenas duas modificações na receita original: primeiro, preparei o doce de abóbora com coco na panela de pressão. Facilita muito! Segundo, pus menos queijo parmesão ralado, pois não gosto de doces onde este ingrediente aparece de forma acentuada. Mas fica ao critério de cada um.

Bolo de abóbora com coco

1 kg de abóbora para doce descascada e cortada em cubos
1 coco fresco ralado
½ kg de açúcar
10 cravos
1 pau de canela
1 col (sopa) rasa de manteiga
50 g de queijo parmesão ralado (coloquei duas colheres de sopa rasas)
6 colheres (sopa) cheias de farinha de trigo
1 col (sopa) rasa de fermento em pó
5 ovos
1 xíc (café) de leite
1 xíc (café) de açúcar

Primeiro, fazer o doce de abóbora com coco: levar à panela de pressão a abóbora, o coco ralado, o ½ kg de açúcar, o cravo e a canela. Tampar e levar ao fogo baixo. Contar 15 minutos depois que começar a ferver e então desligar. A minha panela de pressão é ultra-mega-blaster, portanto muito rápida, na panela da Adriana leva 25 minutos depois de ferver. Quando o doce esfriar, tirar a canela e os cravos e bater o doce no liquidificador. Separar uma xícara de chá deste doce para a cobertura do bolo. Claro que se você acha uma ‘heresia’ a panela de pressão, pode preparar o doce de abóbora à sua maneira, ‘no braço e no tacho de cobre’ mesmo 🙂

Aquecer o forno a 180 ºC. Fazer a massa: bater na batedeira os ovos e quando estiverem branquinhos juntar a manteiga, o queijo parmesão ralado, a farinha de trigo e o fermento. Parar de bater e misturar o doce de abóbora à massa. Untar e enfarinhar uma forma redonda de 25 cm e colocar nela a massa. Levar ao forno por 30 a 40 minutos. Esperar esfriar e desenformar. Enquanto o bolo esfria, fazer a cobertura: levar ao fogo o doce de abóbora e coco separado com o leite e o restante do açúcar. Mexer até engrossar. Colocar sobre o bolo.

OBS. Esta receita foi publicada originalmente no blog Rosmarino e Prezzemolo.

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Como diria o Edu Luz, Nova York tem vários ‘sex shops’ ótimos 😉 E mesmo que seja só para encher os olhos e não para esvaziar a carteira, vale a pena andar por estes lugares. Comidinhas e objetos lindos, coloridos e diferentes. Aqui, os meus escolhidos nesta viagem: Williams-Sonoma, Sur La Table, Mackenzie-Childs, Anthropologie e Dean & Deluca – para vocês também se deliciarem.

WILLIAMS-SONOMA

A Williams Sonoma é provavelmente a loja de artigos de cozinha mais sofisticada de Nova York. Não é a loja mais barata para comprar gadgets de cozinha, mas ainda assim vale uma visita. São dois endereços, um no East Side e outro no Columbus Circle. Se você for ao segundo endereço não deixe de dar um pulo no Whole Foods, supermercado super bacana, com uma variedade grande de produtos naturais e orgânicos,  no subsolo do centro de compras onde fica a loja da Williams Sonoma. E dá para escolher a sua Le Creuset preferida 😉

O melhor da loja: uma forma da Le Creuset, com duas partes que se encaixam, própria para fazer tarte tatin.

SUR LA TABLE

Um pouco mais descolada do que a Williams Sonoma, a Sur La Table também é uma loja muito legal de gadgets de cozinha. Como ela fica no Soho, dá para incluir no mesmo passeio uma ida a Dean & Deluca e a Anthropology.

Os melhores da loja: uma estufa elétrica para temperos que pode ficar dentro da sua cozinha, chova ou faça sol…

… e estes óculos para cortar cebola sem choro!

MACKENZIE-CHILDS

A loja inteira parece uma casa de bonecas e é fácil passar desapercebida por ela. Mas não tem como não amar estas louças fofas e as mesas prepradas para o chá. Dá a impressão que a Alice no País das Maravilhas vai surgir a qualquer momento.

ANTHROPOLOGIE

A Anthropologie é minha loja predileta em Nova York. Vende roupas, objetos de casa e bijuterias, tudo super descolado. E a decoração é quase sempre bem original e diferente, como estes avestruzes de papel reciclado, um charme total.
Eles conseguem montar a decoração sempre com um mix lindo de estampas e cores.

DEAN & DELUCA

O Dean & Deluca no Soho é um supermercado luxuoso onde a gente encontra quase tudo o que quiser de comidas do dia-a-dia e diferentes. Balcões de carnes, peixes, queijos e pães; prateleiras completas de temperos, azeites, chás e chocolates. Frutas e verduras fresquinhas e no fundo alguns objetos de cozinha.

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