A Toscana é sem dúvida um dos lugares mais lindos – e românticos – onde estive. A cada curva da estrada uma paisagem diferente, mas com os mesmos elementos compostos por morros, casas de pedra, fortalezas, muralhas, vinhedos, oliveiras, ciprestes, campos floridos e semeados, bosques. Dizem ainda que, no verão, é possível ver as plantações de girassois. Pena que tive que vir embora antes 🙂
Paisagens poéticas, pontilhadas por cidadezinhas que oferecem sempre uma surpresa. Percebi antes de viajar que todos que já estiveram por lá tinham uma cidade preferida ou um lugar “onde você não pode deixar de ir”. De fato, além das joias da coroa toscana que são Firenze, Siena e San Gimignano, tem outras dezenas de cidadezinhas lindas e interessantes para visitar. Na minha opinião e pelo que pesquisei entre os viajantes, uma viagem ideal pela região deveria incluir Pisa, Lucca, Volterra, Arezzo, Cortona, Montepulciano, Pienza e Montalcino, além das três cidades já mencionadas. (E conheço alguém que vai perguntar: e Orvieto e Bagnoreggio?) A Claudia do blog Viajar pelo Mundo! tem uma excelente lista de posts sobre a Toscana e destaca, ainda, as cidades de Colle di Val D’Elsa, Viareggio, Montefollonico, Pitigliano, Sovana e Sorano, além da região de Cinque Terre, já na divisa com a Liguria.
Nós não conseguimos ir a Volterra e a Pienza, e passamos praticamente batido por Montepulciano, quando fomos à vinícola Avignonese. Mas em compensação visitamos umas cidades lindas no Chianti, região onde ficava o nosso hotel: Castellina in Chianti, Panzano in Chianti, Greve in Chianti e San Donato in Poggio.
O ideal na Toscana é mesmo estabelecer um hotel tipo ‘quartel-general’ em alguma cidade ou no campo e visitar os arredores de carro, munido de um bom GPS. O único cuidado é que a tentação de beber vinho é grande e a polícia italiana não anda dando mole pros motoristas nesta região. Nós estávamos em grupo e alugamos um ônibus nos dias em que fomos às vinícolas.
É possível passar um dia e ver quase tudo nestas cidadezinhas. Mas o entardecer e o anoitecer são especiais e vale a pena selecionar algumas onde você possa curtir o fim de tarde, passear pelas ruazinhas menos óbvias, olhar o movimento das pessoas, curtir a atmosfera de uma cidade italiana do interior.
A seguir, um pouco das cidadezinhas da Toscana para vocês.
Pisa e Lucca
É claro que dá para ficar mais tempo e, por exemplo, caminhar ao longo das margens do rio Arno em Pisa. Mas para uma viagem mais corrida é possível, sim, conhecer Lucca e Pisa em um dia só. Vá primeiro a Pisa, estacione o carro no estacionamento vizinho ao Campo dei Miracoli, onde ficam os quatro edifícios que formam, nas palavras do guia Michelin, “um dos mais belos complexos arquitetônicos do mundo”: Duomo, Torre Pendente, Battistero e Campo Santo (cemitério). Vá direto à bilheteria e compre o ingresso para todos os edifícios que quiser visitar. Hoje em dia, é possível subir na torre de Pisa, que está firmemente fincada na terra desde 2001, quando sofreu sua última manutenção. Porém, as filas são grandes, o número de pessoas por vez é limitado e pode-se ficar o tempo que quiser no alto da torre – o que torna a espera imprevisível. Não subimos, uma vez que a paisagem do alto da torre não tinha destaque especial. Pegamos o final da missa no Duomo e nos emocionamos com um coro de ‘canto gregoriano’. No Battistero, fique atento: um senhor responsável pela bilheteria sobe na parte central e canta, para mostrar a acústica perfeita do local!
Lucca, ao contrário da maioria das cidades da Toscana, é plana. Além disso, é circundada por uma muralha tão larga que foi transformada em uma ciclovia e até em parques em determinados pontos. Ou seja, é uma cidade perfeita para pedalar. Entrando na cidade pela Porta Santa Maria, é possível estacionar e logo alugar bicicletas em perfeito estado de conservação na Cicli Bizzarri. Explore a cidade de bicicleta e não deixe de dar uma volta ao redor da muralha, são cerca de 5 km em uma via muito fácil de pedalar. Escolhemos um domingo para visitar a cidade e foi uma escolha certíssima: ruas muito mais vazias, quase sem carros circulando, nos deixaram bem a vontade para pedalar. Não deixe de andar pela Via Fillungo, passando pela Piazza Anfiteatro e seguindo até o Caffè di Simo, para um café com um doce caprichado. Passe pela igreja de San Michele in Foro, mais bonita por fora do que por dentro; pela Casa de Puccini, pelo Duomo e se tiver disposição suba na torre Guinigi. Comemos muito bem em Lucca, no restaurante Buca Sant’Antonio. E compramos cantucci na pastelaria Taddeucci.
Arezzo e Cortona
A maior graça de Arezzo está mesmo no conjunto da cidade. Pequenos e singulares antiquários, lojinhas de gravuras e de objetos de decoração e uma vista linda do alto das muralhas da fortaleza dos Medici, ao lado do Duomo. A Basílica di San Francesco vale uma visita e a Piazza Grande é simpática. Nela, nos primeiros finais de semana de cada mês, há uma feira de antiguidades. Tomamos um sorvete delicioso em Arezzo na sorveteria Cremi.
Quem leu “Sob o sol da Toscana” fica mesmo com irresistível vontade de ir a Cortona, tão bem descrita pela autora do livro, Frances Mayes. Passeie pelas praças centrais, Piazza Repubblica e Piazza Sgnorelli, onde ficam os edifícios principais. Ande até o Duomo e visite o Museo Diocesano bem na frente, algumas pequena e boas surpresas. Olhe a vista do vale e volte para pegar o carro e subir até a Fortezza Medicea Girifalco, onde a vista é incrível!
Montalcino
O ideal é juntar Montalcino e a Abazzia de Sant’Antimo a uma visita à cidade de Pienza, no alto do ranking das cidades charmosas da Toscana. Como fizemos uma viagem também voltada às vinícolas, passamos apenas por Montalcino, na volta da visita à Tenuta Greppo da Biondi Santi. Uma cidade bonita de longe e charmosa de perto, terra dos Brunellos e o paraíso de quem gosta de vinhos. Há dezenas de lojinhas de vinhos na cidade, que oferecem degustações e vendedores super solícitos. A mais bonita de todas, no alto e dentro da fortaleza, é também a mais cara. A praça central é ideal para um café. Achamos a maior variedade e os melhores preços em uma loja de vinhos fora do centro da cidade, a Enoteca Bruno Damazio. Tente sair de lá sem uma comprar uma garrafa sequer!
Castellina in Chianti
Por ser a cidade mais próxima ao nosso hotel, estabelecemos com ela uma relação de verdadeiro amor rsrs… Castellina in Chianti – junto com Gaiole, Rada, Greve e Panzano – formam o coração do Chianti. Todas cidades bonitinhas e legais para passear. Em Castellina, nossa eleita, há uma rua coberta, de pedra, com algumas galerias de arte e restaurantes ao longo. Nas duas praças da cidade (sim, a cidade tem praticamente duas grandes ruas e só), restaurantes gostosos. Lá, curtimos muito a atmosfera de um passeio de final de tarde e de um entardecer mais preguiçosos. Em Castellina fica o Albergaccio di Castellina, restaurante premiado com ‘uma estrela’ pelo Guia Michelin e muito gostoso. Também comemos uma pizza campeã na cidade, na Pizzeria Tre Porte.
Greve in Chianti/Panzano in Chianti e San Donato in Poggio
Passamos também por Greve in Chianti, onde paramos para visitar o mercado/feira livre que acontece aos domingos de manhã. Em Panzano in Chianti, fomos a Antica Macelleria Cecchini e andamos pela cidade. Também fomos a San Donato in Poggio, cidade da mesma região, onde tivemos um jantar inesquecível na Antica Trattoria La Toppa. Mas falarei destes lugares em outros posts. Por hoje, é só 😀