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Além de passear pela Rioja, visitamos duas vinícolas muito bacanas na região.  Recomendo vivamente as duas, foram experiências muito legais para quem curte vinhos.

López de Heredia – Viña Tondonia

Com instalações bonitas, que têm toda uma história, nesta vinícola que fica na cidade de Haro a palavra de ordem é tradição. Ao contrário do que vimos nesta região e também em Ribera del Duero, na López de Heredia o pensamento é um pouco diferente da maioria das vinícolas espanholas que produzem vinhos de alta qualidade.  Aqui, vários métodos antigos são adotados com convicção.

Entre eles, por exemplo, a fermentação  feita em grandes barricas de madeira e não em tanques de aço. A temperatura é controlada manualmente com jatos de água fria e abrindo-se e fechando-se janelas e portas do galpão onde ficam estes tanques. Os vinhos Tondonia fermentam em barricas não necessariamente novas, mas que podem ser reutilizadas por até 25 anos, pois seus produtores acreditam que os vinhos antigos vão dando sabor e personalidade aos novos vinhos que chegam para a fermentação. Os 4 km de túneis são forrados de limo, que também creem ser benéfico aos seus vinhos. A impressão que se tem é de estar em uma mina, onde inclusive há trilhos de antigos vagões que transportavam os barris para fora dos túneis. Nestes túneis não há qualquer controle de umidade e temperatura, é tudo natural.

Há também aqui uma tanoaria, uma fábrica de barris de vinho, e é muito bacana aprender como são montados os barris. Mais ainda, ao invés de utilizar os barris uma única vez, a Tondonia desmonta-os e refaz novos barris utilizando madeira nova e madeira de barris já usados para hacer la crianza. Nossa degustação na Tondonia foi fantástica. Tomamos dois vinhos Gran Reserva de mais de 20 anos e curtimos muito sentir as diferenças entre vinhos que envelhecem por pouco e por muito tempo. Nossa guia  era muito boa.  Vale a pena reservar a visita a esta vinícola.

Marqués de Riscal

O contraste da Marqués de Riscal com a Viña Tondonia é curioso. Nesta vinícola, localizada na cidadezinha de Helciego, respira-se modernidade. O conjunto da vinícola tem prédios antigos mas é o novo prédio do hotel Marqués de Riscal, projetado pelo arquiteto Frank Gehry, que dá o tom da filosofia da vinícola. Aqui, as proporções são grandes, a produção idem e é tudo prático e moderno.

Nesta visita, guiada por gente muito simpática e com excelente conhecimento do negócio, o bacana foi ver a linha de produção de engarrafamento, enrolhamento, rotulagem e outros processos. Adorei ver a colocação daquela ‘redinha’ de metal dourado nas garrafas do Marqués de Riscal Reserva e Gran Reserva. Aqui fizemos também a melhor degustação de todas as vinícolas, considerando-se o ‘conjunto da obra’.

Vale a pena visitar a Marqués de Riscal e, de lambuja, almoçar neste restaurante incrível.

 

 

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Depois do passeio pela região de Ribera del Duero, onde visitamos as vinícolas Torremilanos, Pesquera e Protos, seguimos para La Rioja. Aqui, um pouco do hotel onde ficamos, dos restaurantes que gostamos e dos passeios que fizemos na região. Semana que vem, mais das vinícolas da Rioja.

Um curiosidade interessante, eu ao menos não sabia, é que existe na região um rio chamado Oja. Pelo que a região ficou conhecida como Rioja 😀

Hotel

Desta vez, ao contrário do que fizemos em Ribera del Duero, resolvemos ficar hospedados em um hotel dentro da cidade. A Hospederia de Los Parajes, um hotel charmoso e cheio de bossa, ficava na cidade de Laguardia, que era igualmente charmosa e bacana. Alguns quartos barulhentos, mas nada que comprometa. Os quartos que dão para a frente do hotel, com vista para a rua, são maiores e mais caros. Os outros tem janelas que dão para um pátio interno, mas são boas acomodações. Há um spa no hotel que parece ser uma delícia. Infelizmente não usei, não posso opinar 😉 No subsolo do hotel há uma antiga bodega, na realidade um local onde se armazenavam os barris de vinho para envelhecer (ou hacer la crianza) e que foi transformada em bar. É curioso, dê uma olhada, mesmo que não opte por se hospedar ali.

Conhecemos duas outras opções de hotéis na região. O primeiro é o próprio hotel  Marqués de Riscal, que dispensa grandes apresentações. Já foi eleito o melhor hotel rural da Espanha e tem ambientes luxuosos, vistas lindas, quartos super confortáveis e um spa muito completo. O outro hotel, da mesma linha luxo, foi uma surpresa encontrada no meio do caminho, o hotel Viura.

Restaurantes

Foram dois os restaurantes que merecem ser mencionados na Rioja.  O primeiro deles é o Las Duelas, que fica na cidade de Haro. O restaurante fica dentro do hotel Los Agustinos, que foi um antigo monastério e uma cadeia, entre outras coisas. É uma delícia sentar do lado de fora, no corredor do antigo claustro do mosteiro. Com uma adega muito boa, não deixa nada a desejar na comida também. Tudo super gostoso e caprichado, comemos um excelente bacalhau fresco e uma torrija caramelizada de sobremesa que estava divina.

O outro restaurante dispensa grandes apresentações. Aproveitamos a visita à vinícola e almoçamos no restaurante Marqués de Riscal, que fica dentro do hotel do mesmo nome, na cidadezinha de Elciego. Um dos mais conhecidos da região, agraciado com uma estrela no guia Michelin em 2012, o restaurante é bastante disputado e recomenda-se fazer uma reserva prévia. O prédio do hotel é incrível e foi projetado pelo Frank O. Gehry, arquiteto canadense responsável também pelo Museu Guggenheim de Bilbao. A vista é linda, o lugar é transado, a comida é ótima. Optamos pelo menu-degustação Torrea e não nos arrependemos. Aproveite o almoço lá para fazer uma visita à vinícola, vale a pena.

Passeios

Laguardia

A cidade onde ficava nosso hotel, Laguardia, é imperdível. Uma cidade medieval, cercada de muralhas e com quatro grandes portas que a comunicam com o exterior, duas com vistas bonitas para o vale. Na cidade não circulam carros. Não só pelo óbvio motivo das ruas serem estreitas, mas porque muitas das casas alugam  seus porões para vinícolas armazenarem seus barris de vinhos.  Dizem que a trepidação dos carros seria prejudicial ao processo. Assim, toda casa da cidade tem no subsolo sua cueva, ou bodega, sendo que nem sempre esta corresponde ao tamanho da casa. Há casas pequenas com bodegas enormes, e vice-versa. As portas antigas e as igrejas são bonitinhas, em especial a Iglesia de Santa Maria de los Reyes que é uma surpresa por dentro. No Paseo del Collado, pracinha/alameda em frente à igreja, há uma escultura/instalação do artista Koko Rico, chamada Viajeros (ou Bidaiariak Izenekoa no idioma basco) , na qual duas mesas de bronze  expõem sapatos e bolsas de caminhantes. Muito bacaninha 😉 O único senão é que as atrações turísticas da cidade estão quase sempre fechadas e o modo mais fácil de fazer turismo em Laguardia é mesmo através do escritório de turismo local.

Elciego e Haro

A grande atração de Elciego é o conjunto da vinícola Marqués de Riscal. Haro, por sua vez, é outra cidadezinha charmosa onde é possível parar para caminhar, tomar um café, olhar os pequenos mercados e as casas. Mas Elciego e Haro são interessantes por outra razão. Ao redor destas duas cidades (e de Laguardia e Logroño, que formam um quadrilátero com elas) há uma série de prédios de hotéis e vinícolas que são um prato cheio para arquitetos e designers. Além dos prédios e instalações dos hotéis Marqués de Riscal e Viura, há os prédios super bacanas das vinícolas Ysios, Viña Real, Regalia de Ollauri, Darien e Baigorri.

Logroño

A maior cidade desta lista é também a mais cosmopolita da região. Como Logroño é uma das cidades que faz parte do Caminho de Santiago, é interessante ver as pessoas passando, alguns a pé, outros de bicicleta, rumo a Santiago. No escritório de turismo local há um mapa que mostra o roteiro dos peregrinos dentro da cidade e as principais atrações, como as igrejas de Santa Maria de La Redonda (onde há um quadro de Michelangelo escondido entre outros), San Bartolome e Santiago El Real. Na praça ao lado desta última igreja, não deixe de ver El Juego de La Oca (o “jogo do ganso”), um tabuleiro de jogo desenhado e esculpido no chão, que recria o Caminho de Santiago. Diz a lenda que foi inventado pelos templários no século XI. El Cubo del Revellín, uma torre que é parte da antiga muralha da cidade, vem sendo restaurada e abriga uma pequena exposição audiovisual mostrando a ocupação da cidade.

Mas Logroño também tem uma atração gastronômica interessante. Nos mesmo moldes da Cava Baja de Madri, a Calle Laurel é uma rua estreita, charmosa, de poucos quarteirões, que tem dezenas de bares de tapas e onde é uma delícia ir de bar em bar bebendo uma taça de vinho e provando tapas diferentes. Começamos pelo La Taberna de Laurel, onde provamos as famosas patatas bravas do local. No Juan e Pinchame provamos a especialidade da casa, a brocheta de langostino con piña. E em algum outro local do qual, infelizmente, não me lembro o nome, comemos um excelente pulpo a la gallega e croquetas incríveis.  Se estiver pela cidade, não deixe de passar por lá. 

Santo Domingo de la Calzada

Esta cidade é interessante primeiro por também ser passagem de peregrinos rumo a Santiago. Nela há o Albergue de Peregrinos administrado pela Cofradía del Santo, que tem as instalações mais modernas e confortáveis do Caminho.  Santo Domingo ficou conhecido pelas curas milagrosas de peregrinos e a Catedral, bonita e interessante, tem um conjunto de nove quadros nas paredes que relembram os milagres do Santo. Dentro da Catedral não deixe de ver El Galinero – isto mesmo, um galinheiro onde na maior parte do ano (entre 25 de abril a 13 de outubro) são mantidos um galo e uma galinha brancos, vivos, para relembrar o milagre mais famoso do Caminho de Santiago e um dos mais populares na Europa Medieval.  “Santo Domingo de la Calzada, donde cantó la gallina depués de asada” 😀

 

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