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Desta vez pulamos os mercados. São bacanas, mas queríamos novidades.

Assim, elegemos duas experiências diferentes para aproveitar a gastronomia de Madri: a tradicional Cava Baja e o novo Gourmet Experience do El Corte Ingles.

Cava Baja

Fazia meses, senão anos, que guardava na minha pasta de recortes de viagem uma crônica do André Barcinski para o suplemento Folha Comida, na qual ele fala da Cava Baja. Desde então queríamos voltar a Madri para tapear por esta rua só de bares e restaurantes, conhecidos pelos seus tapas. A ideia era seguir o hábito madrilenho de ir de bar em bar, provando um tapa e bebendo uma taça de vinho em cada lugar. Juntei as dicas da crônica do André com as do Sandro e montei o roteiro. Na hora de sair do hotel, contamos aonde íamos ao casal de amigos brasileiros-espanhóis que  viajariam com a gente: “-Tem certeza que querem mesmo ir à Cava Baja? Cuidado para não escorregar nas cascas de camarão.” Como assim? “-É que as pessoas vão descascando os camarões para comer e vão jogando as cascas no chão…” Confesso que fiquei frustrada depois por não achar uma casca de camarão sequer no chão para contar história: a Cava Baja não é mais a mesma de outros tempos. 😀

Pelo nosso roteiro iríamos a pelo menos quatro bares, se aguentássemos o tranco, mais alguns. Era uma quarta-feira e como turistas aplicados chegamos cedo, por volta das 21h (sim, cedo!). Começamos o tour pelo Juana La Loca (Plaza Puerta de Moros, 4) onde provamos a famosa tortilla de patata con cebolla caramelizada e o huevo trufado a baja temperatura, ambos deliciosos. Conseguimos sentar em uma mesa no fundo do restaurante, com o maior conforto. Mas a aventura estava apenas começando. Seguimos para a Casa Lucio (Cava Baja, 36), onde não pedimos os famosos Los Huevos de Lucio mas sim um Pulpo Braseado, que cobiçamos do vizinho de balcão. Desta vez de pé mesmo ao ritmo dos madrilenhos. Resistimos à tentação de pedir mais alguma coisa e saímos em busca do La Concha (Cava Baja, 7), que tinha sido o preferido do Sandro. O La Concha foi o lugar perfeito para quebrar o clima turístico. Lá, um microbalcão e só locais, trilha sonora roqueira muito boa e ótimos vinhos. Um oásis no meio dos bares lotados e barulhentos. Ficamos nos tapas de jamon serrano e de bacalao ahumado e seguimos em frente.

Por volta das 22h30 a rua estava absolutamente lotada de turistas e locais. E ainda faltava um dos locais escolhidos, a Casa Lucas (Cava Baja, 30). Não me perguntem porque deixamos este, um dos mais conhecidos do pedaço, para o fim. Só sei que tivemos que nos espremer no meio de um mar de gente para entrar, depois nadar por este mar de gente até um cantinho do balcão, onde pedimos nossas  croquetas e o pintxo caliente ‘Madrid’ com ovos, morcilla e tomate. Logo fomos expulsos deste cantinho, que obviamente era passagem dos garçons. Comemos em pé, espremidíssimos, segurando com nossas oito (!) mãos os pratinhos e as taças de vinho.  E jogamos a toalha. Ficou faltando conhecer outros bares recomendados na Cava Baja, como o La Chata (Cava Baja, 24), o Perejila (Cava Baja, 25) e o Tempranillo (Cava Baja, 38).

Afinal, vale a experiência sociológica-gastronômica? Sem dúvida 😀 Descobrimos que se come muito bem nesta bagunça toda. Só é preciso um pouco de pesquisa, muita fome, muita disposição, um bom fígado e alguma coragem.

A verdade é que esta é justamente daquelas experiências de quebrar paradigmas que uma viagem oferece. Neste programa, fizemos muitas coisas que jamais faríamos em casa: sair para comer tarde, comer de pé, comer em lugares totalmente lotados. A Cava Baja é solo para los fuertes, mas saímos de lá rindo muito, de barriga cheia e de alma descansada 😀

Gourmet Experience

É fácil confundir as lojas do El Corte Ingles em Madri. Assim, se precisar, pergunte pelo El Corte Ingles da Callao. Pegue o elevador e vá direto ao 9º andar. Lá, a surpresa: além do tradicional e incrível setor de bebidas e comidas gourmets, um corredor de dez pequenos ‘restaurantes-expressos’ onde pode se provar muita coisa diferente. Ao lado, mesas e balcões dando para grandes janelas, com muita luz natural, de onde se descortina a cidade de Madri. Há também uma varanda bem gostosa, que infelizmente estava fechada por causa do mau tempo. O Gourmet Experience é, assim, uma pequena, fechada e chique Cava Baja, onde na hora do almoço e do jantar dezenas de pessoas aproveitam para comer e jogar conversa fora. O horário é mais flexível do que o da loja em si, fechando à meia-noite de segunda a domingo.

Há desde comida tradicional espanhola até comida mexicana e um oyster bar, terminando com os doces e o ótimo café da Harina ou o famoso sorvete italiano Armorino (prove o de Speculoos, imperdível). Se não quiser almoçar, vale pedir apenas uma taça de vinho e uma porção de jamon serrano e queso manchego e sentar para descansar um pouco.

 

Seguindo a sugestão do Sandro, e curiosos depois de termos jantado muitíssimo bem no DiverXo, escolhemos o StreetXo, que é a ‘comida de rua’ (neste caso, a rua é o corredor do Gourmet Experience) do chef David Muñoz do mesmo restaurante. O mais bacana deste ‘restaurante-expresso’ é que ele replica de fato um carrinho ou quiosque de comida de rua, onde os chefs cozinham tudo ali mesmo, na hora, a pedido do cliente, ao som de rock&roll. São poucos pratos e tudo de rápido preparo, mas tudo delicioso. Meu pulpo braseado foi flambado numa wok imensa, um espetáculo à parte. Nas costas do chef, o lema, no limits 😉

Semana que vem, um pouco dos restaurantes onde comemos bem e fomos felizes em Madri. Até lá 😉

 

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Toda vez que viajamos fazemos a lição de casa antes. Primeiro, pedindo dicas aos amigos descolados, depois passeando pelos blogs de viagem mais legais e por fim fazendo a pesquisa obrigatória no Trip Advisor, para nós o melhor site de viagens que existe. Pois nos chamou a atenção o fato do Food Tasting and Cultural Walking Tour do Chicago Food Planet estar entre as cinco melhores atrações da cidade pelo TripAdvisor. Resolvido. Tivemos muita sorte de pegar um dia lindo, ensolarado.

Como funciona? São dois trajetos, sendo que fizemos o Near North, que circula pelo Old Town de Chicago. O grupo, que pode ter no máximo 12 pessoas (o nosso tinha só quatro), encontra-se com o guia (no caso a Ariela, super simpática e com ótimo conhecimento dos arredores) no primeiro lugar a ser visitado. Daí, vamos a pé pelo bairro do Old Town, escutando pelo caminho curiosidades a respeito da arquitetura e da cultura local, além de visitarmos sete lugares ligados à comida. Andamos bem, são cerca de 3 quilômetros durante 3 horas de passeio. É tudo muito organizado. Logo no início recebemos o mapa do trajeto, explicações de como voltar ao ponto inicial, endereço completo de todos os locais a ser visitados e cupons de desconto para voltar depois, já que durante o tour não é permitido fazer compras. Em cada ponto de parada, há uma pequena explicação sobre o lugar.

Queria compartilhar com vocês este passeio tão legal. A seguir, fotos e explicações para que também possam viajar conosco em um Food Tasting and Cultural Tour virtual!

Food Tasting and Cultural Tour do Chicago Food Planet

1. Ashkenaz Deli

Encontramos o grupo nesta pequena e bem típica delicatessen judaica, onde experimentamos o Reuben, sanduíche criado no início do século e que depois virou um clássico nos EUA. Com pequenas variações, é feito com pão integral, pastrami ou corned beef (espécies de embutidos feitos com carne de boi curada), queijo suíço, chucrute e molho Russian (uma maionese bem temperada com cebola picada, alcaparras, raiz forte, ketchup, páprica, ervas, etc). Delicioso…

Este sanduíche, que normalmente vem com quase 10 cm de pastrami no pão integral, deve ser o precursor daquele famoso sanduíche de mortadela do Mercadão em São Paulo… A foto do Reuben que eu comi não ficou legal, então pedi esta emprestada daqui para vocês terem uma ideia como ele é.

 

2.Tea Merchants/Tea Gschwendner

Sim, a loja é diferente mas é a mesma marca da que tem em São Paulo, capital. Foi bem legal aprender mais sobre a bebida mais consumida no mundo e entender as diferenças entre chá branco, verde, preto, etc. Também aprendemos a fazer chá da forma correta, sem deixar a água ferver e sem deixá-la horas na infusão com a planta. E experimentamos um chá gelado divino, Cranberry Mango Green Tea. Comprei mais tarde neste lugar o melhor chá que eu já bebi na vida, o africano Rooibush, aromatizado com Cream Caramel, não tem nada igual. E não tem cafeína, sendo ótimo para tomar à noite. Se puderem, experimentem!

Isto é Old Town Chicago… ruas limpas, largas e arborizadas.


3. The Spice House

A ME-LHOR parte do passeio para mim! Da esquina dava para sentir aquele cheiro divino de mistura de especiarias. Dentro, uma loja antiga, com cara de entreposto, cheia de sacos, caixas, potes, potinhos e cheiros deliciosos por todos os lados. No próprio porão da loja eles ralam, secam, preparam misturas, pesam e embalam. Também teve uma mini aula sobre pimentas e canelas. Difícil resistir aqui! Eu queria comprar tuuudo. Quem quiser babar, dá uma olhada no catálogo deles – só de sal e mixes de sal tem 24 tipos diferentes (eu devia ter deixado para comprar a flor de sal aqui, mas já tinha comprado em NY, voilà…)

4. Old Town Oil

A segunda melhor parada do passeio. Uma loja só de azeites e balsâmicos, de todas as idades, acidez, aromatizados ou não 🙂 Eles têm mini copinhos para degustação e indicam na hora incríveis misturas entre os dois, como por exemplo aceto aromatizado com cranberry e azeite aromatizado com manjericão – juro, gente, é bom 😉 É bem legal também degustar e comparar acetos de vários graus de envelhecimento.

Esta placa estava lá na parede do Old Town Oil.

5. The Fudge Pot

Fábrica artesanal de chocolate que, como a maioria dos estabelecimentos do Food Tour, é antiga e familiar. Os fundadores eram ex-funcionários chocolateiros da fábrica de chocolates Hershey’s, na parede da loja tem fotos e a história deles.

E vamos andar mais um pouquinho, ver mais da arquitetura deste bairro antigo da cidade…

6. Catering/Chocolate

Esta é a loja do Chef Chocolatier Jay Shindler, que é um dos mais badalados caterers da cidade. Seu serviço de buffet atende hoje o Presidente Obama quando está em Chicago, além de outras personalidades. Dentro do tour, foi o lugar mais sem-graça, enfim… Provamos queijos e um hummus que estava gostosinho, só.

7. Bacino’s Pizza

Atenção, paulistas e paulistanos… A pizza Chicago-style, chamada por uns de stuffed pizza e por outros de deep-dish pizza (há os que acham que diferem ligeiramente uma da outra) não é uma pizza propriamente dita, mas uma torta-pizza. Nesta pizza inventada em Chicago no restaurante Uno e da qual eles têm o maior orgulho, a massa é colocada no fundo e nas laterais de uma forma redonda de pelo menos 3 cm de altura, bem untada com azeite, e sobre a massa vão queijos, carnes, vegetais etc. Por cima, um molho normalmente feito com tomates crus. O interessante desta pizza da Bacino’s, onde terminou nosso Food Tour, é que é feita com mussarela light e molho de tomates praticamente sem gordura. Assim, ela é saborosa mas não tão calórica. Foi um ótimo encerramento. 🙂

OBS. Este texto foi publicado originalmente no blog Rosmarino e Prezzemolo.

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