Quem me acompanha no Twitter já me viu comentar algumas vezes sobre este livro do David Lebovitz, The Sweet Life in Paris. Um daqueles livros que a gente lê sem ver o tempo passar, ‘economizando’ e ficando até com saudades dele depois que acaba. Me peguei sorrindo e até rindo alto sozinha com ele por aí.

O grande barato do livro é que o David Lebovitz, além de ser um bom blogueiro/autor de livros de culinária, é também um excelente cronista de costumes. Neste livro ele relata com bastante franqueza suas frustrações e seus choques culturais como americano vivendo em Paris, usando na medida certa doses de humor e de fina ironia, e desta forma passando uma imagem positiva da sua vida em uma cidade que lhe era totalmente estranha.

Tendo mudado de cidade duas vezes nos últimos 10 anos, vivi os inevitáveis choques culturais e paguei minha cota de micos. Mas, além deles, tive surpresas agradáveis e conheci muita gente bacana. A ideia – óbvia mas que muita gente não saca tão facilmente – é focalizar no que o novo lugar tem de bom para oferecer e procurar usufruir ao máximo disto. E relevar os micos. E se adaptar à cultura, não exigindo que ela se adapte a você.

“What helped was that I understood the food and tried my best to adapt to the culture, rather than trying to make the culture adapt to me”(D. Lebovitz)

No livro há episódios muito engraçados, como quando ele descreve suas táticas para não ser ‘esmagado’ pelas pessoas nas filas. Ou quando tenta entender a obtusa burocracia francesa. Ou ainda quando descreve os percalços domésticos de alguém que não sabe nem falar direito a língua nativa e precisa ‘expulsar’ um pintor que não termina nunca seu trabalho na casa. Isto já é difícil no seu país e língua natais, imaginem em outro idioma 😉 E ele consegue ser tão crítico com os parisienses quanto com os americanos que dão seus foras visitando Paris.

Entre receitas bacanas e dicas dos seus lugares prediletos na cidade, e no meio das experiências frustrantes, chateações e estranhezas, David nos diz que há muita coisa bacana para ver e aprender. E que a vida é boa 🙂

“Everyday in Paris isn’t always so sweet. Although I’ve tried my best to fit in, no matter where you plant yourself, there’s certain to be ups and downs. I embarked on a new life in Paris without knowing what the future would hand me. Because of that, my life’s turned into quite an adventure, and I often surprise myself when I find that I’m easily mingling with the locals, taking on surly salesclerks, and best of all, wandering the streets in search of something delicious to eat” (D. Lebovitz)

Para dar mais sabor a este post e como aperitivo do livro, aqui vai a receita dele que melhor descreve o estilo do David Lebovitz – picante e doce na medida certa, para abrir o apetite e deixar a gente feliz.

Spiced nut mix

2 xíc (chá) ou 270 g de castanhas variadas: nozes, amêndoas, amendoins, nozes pecãs, avelãs, castanhas-de-caju ou castanhas-do-pará
1 col (sopa) ou 15 g de manteiga com sal derretida
3 col (sopa) ou 45 g de açúcar mascavo
½ col (chá) de canela moída
1 col (chá) de pimenta chilli em pó
2 col (sopa) de maple syrup
½ col (chá) de cacau em pó
1 ½ col (chá) de flor de sal (ou sal grosso)

Pré-aqueça o forno a 180º C. Espalhe as castanhas em uma assadeira e leve ao forno por 10 minutos. Enquanto isso, numa vasilha grande misture a manteiga, o açúcar mascavo, a canela, o chilli em pó, o maple syrup e o cacau em pó. Jogue as castanhas já mornas na vasilha dos temperos e misture bem. No fim, polvilhe o sal.

OBS. A @fezoca e a @entrepanelas também fizeram posts legais que mencionam este livro aqui e aqui.

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9 Comentários
  1. ADOREI O POST…Acho q vou gostar deste livro 🙂

  2. Lu, eu ia te dizer que não tinha escrito nada sobre esse livro–dai vejo o link que você colocou pro CS, estou ficando realmente senil! Como você, amei ler esse livro por mil e uma razões. Me identifiquei com o Lebovitz em tantas coisas. Uma, que como ele faz, sempre procurei me integrar na vida comum dos lugares onde morei. Aproveitar o que o lugar tem de melhor. Outra, que finalmente aceitei o fato de que apesar de morar num país de lingua inglesa, não escrevo em inglês, como ele não escreve em francês. Eu me debatia muito com isso, por não poder me enturmar decentemente com os foodbloggers tão gente fina que conheço aqui, mas tive uma epifania lendo o SLIP e entendi que minha função é outra. um beijo!

  3. amiga..amei o post e sei que vou amar o livro tambem!!bjus Lú…li

  4. Querida, que delícia de post. Resumistes bem o livro. Mudei muito de cidades – mesmo no Brasil. E vivo num outro país 'ha mais de 20 anos. É uma interesting journey.Tenho este livro e o adoro.xx

  5. Lu, nestas mudanças , sorte da gente em te conhecer. Vc é especial, bjos Daniela Coselli Ciciarelli

  6. Olivian, Ameixa e Iliane, leiam sim, vale a pena!

    Fer, lembrei muito do que conversamos sobre esta questão da adaptação aos novos lugares quando fiz o post. Incrível como a gente esquece o que já falou no blog né? Que horror! rsrsrs! Semana que vem tem o crumble.

    Obrigada, Valentina! Acho que mudar de ares sempre nos enriquece muito. Ainda preciso fazer mais receitas deste livro, tem umas cebolinhas caramelizadas lá que estão me tentando 🙂

    Dani, obrigada!! Nossa, fico tão feliz em ouvir isto, pois também gostei muito de você.

    Um beijo grande a todas,
    Lu

  7. Oi Luciana
    Cheguei no seu blog pelo blog da Ana Paula. Adorei seu post e a dica do livro. Ja' coloquei na minha wish list. Beijos

  8. Lu, o D. Lebovitz é um queridinho meu por causa dos maravilhosos sorvetes que faz, e agora lendo o post sobre o livro também fiquei curiosa para lê-lo. Já morei em muitas outras cidades e acho que trouxe muito delas junto comigo e com certeza foram muitos micos e ótimas descobertas. Adorei a receita, já fiz uma vez um grão de bico crocante e apimentado e ficou delicioso. Vou ter que experimentar essa!
    Um beijo!

  9. Lu, eu também já mudei de cidade algumas vezes (filha de militar) e sempre me adaptei bem. E olha que eu morei no Acre (todos se espantam com isso).

    Agora nessa vida de SP, que é uma cidade que eu amo, vejo vários amigos de fora lutando contra a cidade. No fim só quem perde são elas: vivem sonhando com a cidade natal e sem curtir tudo de bom que uma nova cidade tem a oferecer.

    Foras as grandes amizades que fiz, pessoas que considero minha segunda família.

    Mudar de cidade é um presente.

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