Além de passear pelas cidades da Ribera del Duero, visitamos três vinícolas da região: Torremilanos, Pesquera e Protos.

Torremilanos

A própria dona da Torremilanos, a simpática e acessível senhora Pilar, foi quem nos acompanhou na visita a esta vinícola. A Torremilanos, que fica na cidade de Aranda de Duero,  foi fundada em 1903,  sendo a vinícola mais antiga da região depois da Vega Sicilia. A Pilar nos contou que em 1975 ela e seu marido Pablo compraram a vinícola com a ideia de investir em vinhos de alta qualidade. Trabalharam muito sozinhos e depois com a ajuda dos dois filhos, que estão lá até hoje. Seu marido morreu há alguns anos mas ela continua firme na direção do negócio que sonharam e construíram juntos.

Contou-nos a história do trabalho de seu filho Ricardo, que durante anos buscou convencer o pai a investir e adotar modernidades na produção. O pai finalmente capitulou e Ricardo implantou na Torremilanos uma pequena produção de vinhos que envelhecem em barris de cimento de formato oval, os huevos de cemento, que ele acredita conseguem manter uma guarda  mais longa com menor possibilidade de oxidação do vinho. E Ricardo Peñalba tem conseguido produzir vinhos que são muito bem reconhecidos no mercado.

O destaque ficou por conta do prédio bonito e da decoração caprichada de seus interiores, com pequenos detalhes interessantes, como as paredes pintadas com painéis de cenas da colheita da uva e um abajur feito de cachos de uvas de cristal. É uma das únicas vinícolas na região que fabrica barris de carvalho e é possível ver a tanoaria e entender o processo. Na vinícola há um bom restaurante e um wine bar que serve os vinhos da Torremilanos em taças, acompanhadas de ótimos tapas; ambos abertos ao público. Para visitar a vinícola, é preciso fazer uma reserva pelo telefone ou pelo email indicado no site.

Pesquera

“Tinto Pesquera hasta que me muera”… O ditado conhecido na região mostra como a vinícola Pesquera, que fica em Peñafiel, é tradicional na Ribera del Duero. A Pesquera é o resultado do sonho de um homem ímpar, que desde moço queria fazer vinhos de qualidade. Alejandro Fernandéz trabalhou em diversas atividades para sustentar a família, mas nunca deixou de produzir seu vinho, com as uvas de sua pequena propriedade,  sempre sonhando com a própria vinícola. Levou dez anos para construir seu negócio. Com mais de 80 anos, está vivo e atuante até hoje.  O bacana aqui é visitar o galpão onde hoje fica exposta a primeira prensa de uvas utilizada por Alejandro e ouvir sua historia contada por ele mesmo, em um filme que é passado no local.

Além da vinícola, vale a pena esticar a visita ao Pesquera AF Hotel, que fica na mesma cidade  e onde há um bar moderno e gostoso para provar os vinhos Pesquera acompanhados de tapas. No hotel há ainda um restaurante e uma bodega subterrânea onde é legal ir jantar ou curtir a noite.

Protos

A Protos foi, sem dúvida, a vinícola mais bacana que visitamos em Ribera del Duero. Além da simpatia e do conhecimento da guia Marilena, que nos acompanhou na visita, e dos excelentes vinhos que provamos na degustação no local, a Protos é muito interessante do ponto de vista histórico e arquitetônico. Neste local que visitamos em Peñafiel não há produção de vinhos, apenas armazenamento/envelhecimento e engarrafamento. A visita começa na parte antiga da vinícola: são mais de 2 km de túneis subterrâneos, onde 14 mil barricas se amontoam em volta de paredes de pedra. Os túneis passam por baixo do Castillo de Peñafiel e, como contei aqui, têm respiradouros com 60 metros de altura que fazem o ar circular. Nestes túneis é tudo natural, não há qualquer controle de umidade e temperatura.

Mas não pára por aí. De repente saímos dos túneis e atravessamos por debaixo da estrada que corre ao lado da vinícola. Do outro lado estão as novas instalações da Protos, com suas imensas salas onde a temperatura e a umidade são controladas artificialmente. Aqui, repousam cinco mil barricas e milhares de garrafas. Neste prédio novo também estão as seções de engarrafamento, rotulagem e empacotamento dos vinhos. Além das salas de degustação e escritórios da Protos. O curioso é que o mesmo escritório de arquitetura que projetou o Terminal 4 do Aeroporto de Barajas, o Richard Rogers, construiu o novo prédio da Protos. Qualquer semelhança não é mera coincidência 😀 Uma vinícola que vale a pena visitar.

 

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Essa nossa viagem pela Espanha começou em Madri onde passeamos de Segway, fomos a Cava Baja e ao Gourmet Experience, comemos muito bem no Cañadio e no DiverXo e ainda assistimos a um show bacana de Tablado Flamenco. Mas o objetivo principal da viagem era mesmo visitar regiões vinícolas da Espanha. Escolhemos as duas principais, Ribera del Duero e Rioja.

Começamos pela Ribera del Duero. No post de hoje um pouco sobre o hotel onde ficamos, os restaurantes onde comemos bem e os passeios que fizemos pela região. Semana que vem, mais sobre as vinícolas.

Hotel

Ficamos hospedados no Hotel Residencia Real Castillo de Curiel. Pontos fortes: foi de fato um castelo e hospedou uma família real, pelo que há todo um clima interessante na arquitetura e na decoração do lugar. Vistas lindas do alto do morro. Quartos charmosos e confortáveis, com alguns banheiros um pouco pequenos, mas nada que comprometa. Um restaurante simpático que atende bem café da manhã e jantar. Pontos fracos: o castelo é bem isolado. Fica na cidade praticamente “fantasma” de Curiel de Duero e a cidade mais próxima, Peñafiel, fica a pouco mais de 6 km. E só lá você vai achar restaurantes, lojas, farmácia. Ou seja, é preciso pegar o carro ou andar bastante a pé, sendo que a volta é uma subida íngreme.

Outro hotel muito bacana na região fica em Peñafiel e pertence à vinícola Pesquera. Visitamos o  Pesquera AF Hotel e gostamos muito da localização, do ar moderno, dos quartos decorados com objetos de design  e das boas opções de restaurantes e bares no local.

Restaurantes

Em Peñafiel almoçamos no Molino de Palacios, um dos mais tradicionais da cidade, com suas paredes de pedra, mesas rústicas e o forno à lenha perfumando o ambiente. A especialidade da casa, o cordero lechal al horno de leña  (cordeiro-mamão assado no forno a lenha) estava excelente. Foi o melhor custo-benefício em Ribera del Duero.  Também gostamos do El Bodegon de Mario (Calle Derecha al Salvador, 14), onde o próprio Mario e sua família cozinham (tudo uma delícia) e servem as mesas. O Mario é uma figura. Tocou corneta, fez discurso e brindou conosco 😉

Almoçamos muito bem na cidade de Burgos, no restaurante Landa, que fica no hotel do mesmo nome. Restaurante com jeitão de casa de fazenda, com várias salas decoradas como uma sala de jantar de casa mesmo, e que serve pratos tradicionais preparados em forno a lenha. A comida é muito boa. Fomos na tradicional terrina de cordero lechal e de entrada provamos as morcillas, deliciosas. A sobremesa, mil hojas, foi uma das melhores da viagem.

Jantamos um dia na bodega do Pesquera AF Hotel. O hotel é lindo e oferece três ambientes distintos para comer e beber. Tem um restaurante mais formal, um bar informal ao lado da recepção (com mesinhas e uma mesona comunitária, onde petiscamos e provamos os vinhos Pesquera em taças após voltarmos da visita a esta vinícola) e um bar/bodega bem bacaninha no subsolo, que fica animado nos finais de semana.

Passeios

Peñafiel

A maior cidade da região é Valladolid, mas Peñafiel é considerada a ‘capital’ de Ribera del Duero, especialmente pelas suas atrações e por ser sede de grandes vinícolas como a Pesquero e a Protos. Uma cidadezinha nos moldes de muitas que vimos na região: ruas estreitas,  pouco movimento de pessoas. Mas vale a visita. A Plaza de Toros é bem interessante, pois assim como ocorre em Pamplona, aqui também a corrida de toros (ou tourada) acontece em plena praça e nas ruas da cidade. As casas em volta da praça têm barras de madeira nas portas de entrada, para impedir a entrada dos touros 😉

O Castillo de Peñafiel é outra atração bacana na cidade, especialmente pelas curiosidades que o envolvem, começando pelo formato de um barco. Faça o tour guiado, vale a pena ouvir sobre a história e como era a rotina do lugar. Em seguida, visite lá mesmo o Museo Provincial del Vino. Ah! Não deixe de olhar de cima das muralhas para baixo do morro e procurar umas chaminés que parecem sair de dentro da terra. Saem mesmo. São os respiradouros da bodega Protos. Se for depois visitar esta bodega, vai lembrar deles e vê-los por outro ângulo.

Burgos

Burgos é uma cidade maior, com mais movimento, e é gostoso andar pelas ruas e praças e descobrir pequenas igrejas e casas antigas.  O Paseo del Espolón, uma alameda larga e arborizada que liga o Arco de Santa Maria ao Teatro, é um charme. Nesta época do ano, os galhos e ramas dos plátanos ali plantados se entrecruzam, formando um túnel, lindo de ver. A Catedral de Burgos é imponente e interessante, vale muito a visita.

 

 

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Quando o pessoal que viajaria conosco resolveu agendar este programa para nossa primeira noite com todos em Madri, confesso que fiquei ressabiada. Imediatamente visualizei cinco cocares. 😉  Lembrei-me de um show de tango em Buenos Aires, que não foi ruim, mas ao qual assistimos  com mais gente do que caberia no novo Maracanã e mal vimos os dançarinos.

O que é um Tablado Flamenco?

Um tablado, ou tablao, é um local onde se toca, dança e canta flamenco. De acordo com a Wikipedia, o tablao é a “versão século XX” dos cabarés, um lugar onde se pode comer, beber e assistir a um show de flamenco, que acontece em um tablado alto em frente às mesas.

Procurei referências sobre o flamenco no Flamenco-World e no Flamenco-Brasil. Podemos dizer que o flamenco é uma arte que engloba a dança, o canto e a música do violão, chamado guitarra flamenca. Surgiu na região da Andaluzia, sul da Espanha, e é considerada uma arte popular que mescla elementos dos povos que circulavam na região no século XVIII: ciganos, árabes, judeus, cristãos e africanos. Muita gente acredita que a arte do flamenco é eminentemente cigana e que sua carga emocional de gestos, feições de rosto e lamentos é uma herança do sofrimento pelo que passou este povo, sempre a procura de um lugar no mundo. Há quem diga, ainda, que o flamenco é muito mais do que um estilo musical. Ele tem sua própria língua, tradições e normas sociais. É uma forma de vida, um modo de existência diária de perceber e interpretar.

Como assistir a um Tablado Flamenco em Madri?

Há algumas boas opções de Tablado Flamenco em Madri, como o Cardamomo e o Torres Bermejas, mas escolhemos  o Corral de La Moreria, recomendado por um amigo. O Corral de La Moreria tinha também boas avaliações em sites de viagem. O ideal é  reservar um local com o combo jantar completo + show de Tablado Flamenco. Assim que o jantar termina começa a apresentação. Algumas mesas atrasam e infelizmente durante o show os garçons circulam para terminar de servir as mesas. Mas nada que atrapalhe. No Corral de La Moreria a comida era bem boa e o serviço atencioso, tudo organizado e funcionando bem. É recomendável fazer uma reserva prévia e na maioria dos casos é necessário pagar uma parte do valor para garantir esta reserva. O Corral de La Moreria estava completamente lotado quando estivemos lá.

Como é o show do Tablado Flamenco?

O que assistimos tinha três violões e um instrumento de percussão, mais os quatro cantores, que além de cantar ditam o ritmo batendo palmas. Eram dois trios de bailarinas, mais uma bailarina  e um bailarino que dançavam sozinhos. A música é de altíssima qualidade, lindos solos de violão, muitas vezes improvisados. Em duas ocasiões um dos músicos sentou-se em um banquinho e disse que tocaria uma composição sua.  É incrível sentir a emoção na música, no canto e na dança;  estar perto dos bailarinos e ver suas feições contorcidas pelo esforço e cansaço da dança, bem como pela emoção que passam. Nós tivemos uma palhinha extra, que acredito não estava no script. Uma das dançarinas, em um intervalo, foi para o camarim e lá começou a brigar com o percursionista. As mesas de trás do restaurante ouviram parte da briga dos namorados. Ela voltou para outra dança e começou a chorar, lágrimas escorrendo pelo rosto…

Um dos nossos amigos, casal espanhol que mora em Madri, nunca tinha ido a um show turístico de Tablado Flamenco. Adoraram o show do Corral de La Moreria e acharam-no bastante autêntico.

Para quem gosta de boa música, para quem gosta de dança, é imperdível.  Ganha cinco estrelas e não cinco cocares 😉

 

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Resolvemos encarar novas experiências gastronômicas em Madri. Assim, além dos mercados que já tínhamos visitado e aproveitado, fomos à Cava Baja e ao Gourmet Experience do El Corte Ingles. Conto mais sobre estes lugares aqui. Fora isto, na quase semana que ficamos em Madri, foram dois os jantares memoráveis.

Cañadio

O primeiro deles no Cañadio, filial madrilenha do restaurante de Santander de Paco Quirós y Teresa Monteoliva. Aberta em 2011, quando Paco e Teresa se juntaram aos jovens cozinheiros Beatriz Fernández e Jesús Alonsocom quem já haviam trabalhado no Cañadío Santander, a filial de Madri tem uma cozinha de autor, criativa, mas com inspiração nos pratos históricos da cozinha basca da matriz. Detalhe curioso: éramos os únicos turistas. Na cola do Sandro, que além desta deu muitas dicas bacanas de Madri, fomos de Huevo Homenaje Ca`Sento con Foie de entrada, Merluza Rebozada en Lomos con Pimientos Rojos Asados de prato principal e Tarta de Queso de sobremesa.  O prato principal estava gostoso, mas a entrada e a sobremesa divinos. Ficar no balcão ou nas pequenas mesinhas da entrada também é uma delícia, com os pintxos super caprichados e gostosos. Valeu Sandro 🙂

DiverXo

O outro jantar foi no DiverXo do chef David Muñoz, onde já tínhamos tentado ir em outra oportunidade. Seguimos a recomendação do Edu Luz e valeu à beça. Sim, é daqueles restaurante super moderninhos, que oferecem apenas menus-degustação e que faz parte do time dos estrelados do guia Michelin. Onde cada prato é uma surpresa, e um flash 😀 Modernices à parte, foi uma noite muito bacana com serviço super atencioso, pessoal profissional e mão na massa na cozinha, comida surpreendente e de qualidade consistente. Lá ainda tomamos o melhor vinho branco de toda a viagem, o Chardonnay Macabeo Cérvoles Blanc. Escolhido assim pois a maioria dos pratos tinha peixes e frutos do mar na sua composição. A equipe do restaurante enviou-me posteriormente o menu com a descrição de tudo o que comemos. Destaque para a merluza, os mejillones e o salmonete.

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Desta vez pulamos os mercados. São bacanas, mas queríamos novidades.

Assim, elegemos duas experiências diferentes para aproveitar a gastronomia de Madri: a tradicional Cava Baja e o novo Gourmet Experience do El Corte Ingles.

Cava Baja

Fazia meses, senão anos, que guardava na minha pasta de recortes de viagem uma crônica do André Barcinski para o suplemento Folha Comida, na qual ele fala da Cava Baja. Desde então queríamos voltar a Madri para tapear por esta rua só de bares e restaurantes, conhecidos pelos seus tapas. A ideia era seguir o hábito madrilenho de ir de bar em bar, provando um tapa e bebendo uma taça de vinho em cada lugar. Juntei as dicas da crônica do André com as do Sandro e montei o roteiro. Na hora de sair do hotel, contamos aonde íamos ao casal de amigos brasileiros-espanhóis que  viajariam com a gente: “-Tem certeza que querem mesmo ir à Cava Baja? Cuidado para não escorregar nas cascas de camarão.” Como assim? “-É que as pessoas vão descascando os camarões para comer e vão jogando as cascas no chão…” Confesso que fiquei frustrada depois por não achar uma casca de camarão sequer no chão para contar história: a Cava Baja não é mais a mesma de outros tempos. 😀

Pelo nosso roteiro iríamos a pelo menos quatro bares, se aguentássemos o tranco, mais alguns. Era uma quarta-feira e como turistas aplicados chegamos cedo, por volta das 21h (sim, cedo!). Começamos o tour pelo Juana La Loca (Plaza Puerta de Moros, 4) onde provamos a famosa tortilla de patata con cebolla caramelizada e o huevo trufado a baja temperatura, ambos deliciosos. Conseguimos sentar em uma mesa no fundo do restaurante, com o maior conforto. Mas a aventura estava apenas começando. Seguimos para a Casa Lucio (Cava Baja, 36), onde não pedimos os famosos Los Huevos de Lucio mas sim um Pulpo Braseado, que cobiçamos do vizinho de balcão. Desta vez de pé mesmo ao ritmo dos madrilenhos. Resistimos à tentação de pedir mais alguma coisa e saímos em busca do La Concha (Cava Baja, 7), que tinha sido o preferido do Sandro. O La Concha foi o lugar perfeito para quebrar o clima turístico. Lá, um microbalcão e só locais, trilha sonora roqueira muito boa e ótimos vinhos. Um oásis no meio dos bares lotados e barulhentos. Ficamos nos tapas de jamon serrano e de bacalao ahumado e seguimos em frente.

Por volta das 22h30 a rua estava absolutamente lotada de turistas e locais. E ainda faltava um dos locais escolhidos, a Casa Lucas (Cava Baja, 30). Não me perguntem porque deixamos este, um dos mais conhecidos do pedaço, para o fim. Só sei que tivemos que nos espremer no meio de um mar de gente para entrar, depois nadar por este mar de gente até um cantinho do balcão, onde pedimos nossas  croquetas e o pintxo caliente ‘Madrid’ com ovos, morcilla e tomate. Logo fomos expulsos deste cantinho, que obviamente era passagem dos garçons. Comemos em pé, espremidíssimos, segurando com nossas oito (!) mãos os pratinhos e as taças de vinho.  E jogamos a toalha. Ficou faltando conhecer outros bares recomendados na Cava Baja, como o La Chata (Cava Baja, 24), o Perejila (Cava Baja, 25) e o Tempranillo (Cava Baja, 38).

Afinal, vale a experiência sociológica-gastronômica? Sem dúvida 😀 Descobrimos que se come muito bem nesta bagunça toda. Só é preciso um pouco de pesquisa, muita fome, muita disposição, um bom fígado e alguma coragem.

A verdade é que esta é justamente daquelas experiências de quebrar paradigmas que uma viagem oferece. Neste programa, fizemos muitas coisas que jamais faríamos em casa: sair para comer tarde, comer de pé, comer em lugares totalmente lotados. A Cava Baja é solo para los fuertes, mas saímos de lá rindo muito, de barriga cheia e de alma descansada 😀

Gourmet Experience

É fácil confundir as lojas do El Corte Ingles em Madri. Assim, se precisar, pergunte pelo El Corte Ingles da Callao. Pegue o elevador e vá direto ao 9º andar. Lá, a surpresa: além do tradicional e incrível setor de bebidas e comidas gourmets, um corredor de dez pequenos ‘restaurantes-expressos’ onde pode se provar muita coisa diferente. Ao lado, mesas e balcões dando para grandes janelas, com muita luz natural, de onde se descortina a cidade de Madri. Há também uma varanda bem gostosa, que infelizmente estava fechada por causa do mau tempo. O Gourmet Experience é, assim, uma pequena, fechada e chique Cava Baja, onde na hora do almoço e do jantar dezenas de pessoas aproveitam para comer e jogar conversa fora. O horário é mais flexível do que o da loja em si, fechando à meia-noite de segunda a domingo.

Há desde comida tradicional espanhola até comida mexicana e um oyster bar, terminando com os doces e o ótimo café da Harina ou o famoso sorvete italiano Armorino (prove o de Speculoos, imperdível). Se não quiser almoçar, vale pedir apenas uma taça de vinho e uma porção de jamon serrano e queso manchego e sentar para descansar um pouco.

 

Seguindo a sugestão do Sandro, e curiosos depois de termos jantado muitíssimo bem no DiverXo, escolhemos o StreetXo, que é a ‘comida de rua’ (neste caso, a rua é o corredor do Gourmet Experience) do chef David Muñoz do mesmo restaurante. O mais bacana deste ‘restaurante-expresso’ é que ele replica de fato um carrinho ou quiosque de comida de rua, onde os chefs cozinham tudo ali mesmo, na hora, a pedido do cliente, ao som de rock&roll. São poucos pratos e tudo de rápido preparo, mas tudo delicioso. Meu pulpo braseado foi flambado numa wok imensa, um espetáculo à parte. Nas costas do chef, o lema, no limits 😉

Semana que vem, um pouco dos restaurantes onde comemos bem e fomos felizes em Madri. Até lá 😉

 

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Fazia tempo que eu tinha vontade de fazer este passeio turístico a bordo de um Segway.  Imaginem conhecer uma cidade assim, quase a pé, em contato próximo com as pessoas e os pequenos detalhes da vida da cidade, mas podendo percorrer longas distâncias em menos tempo. Perfeito, né? 😀

Enfim, com alguns dias livres em Madri, cidade que já conhecíamos, lá fomos nós. Agendamos o passeio pela internet no site da Madsegs e pagamos 30% de sinal (15 euros, através do Paypal) para garantir a reserva. Pagamos no total 65 euros, incluindo o passeio de 3 horas, um café ou outra bebida e um CD com fotos do passeio.  Escolhemos esta empresa porque estava bem avaliada em sites de viagem, mas há outras que também fazem este tour na cidade, como a Segway Madrid e a Madrid-Segway.

 

 

Valeu a pena, é uma delícia juntar a emoção do ‘ride’ com a experiência turística. Nós recomendamos. Porém, para quem ainda tem dúvidas, segue um mini-FAQ para terminar de convencê-los 😉

SERÁ QUE ESTE PASSEIO É  PRA MIM?

Sim 🙂 Não fique acanhado achando que é muito baixo/muito alto/muito gordo/muito magro/muito novo/muito velho para passear de Segway. Ele é bem democrático pois é fácil de manejar, seguro e bastante intuitivo. Normalmente, a idade limite para dirigir o Segway é de 12 anos, mas há exceções. Nosso tour em Madri aceitava crianças a partir de 8 anos, desde que acompanhadas pelos pais. A única restrição é ter no mínimo 45 e no máximo 118 kg.

SERÁ QUE CONSIGO MESMO ANDAR NESTE NEGÓCIO?

Consegue sim 🙂  O legal deste meio de transporte é que ele é muito intuitivo: de pé no estribo, com as mãos no guidão, se você inclinar o corpo para frente ele vai para frente; se inclinar o corpo para trás, ele dá ré.  Se ficar parado, ele para. Para virar à esquerda ou à direita é a mesma coisa. basta mexer o guidão para um lado ou para o outro. Quanto maior a inclinação, maior a velocidade. O Segway tem 3 velocidades, ou seja, um iniciante não vai conseguir andar muito rápido até ter maior controle do bichinho e poder assim mudar de nível.  De verdade, é facílimo pegar o jeito, e isto vale para praticamente todo mundo. O Segway é um meio de transporte ‘limpo’ (movido à bateria ou energia elétrica), seguro, fácil de manejar… mas ainda muito caro.  E deve ser por isto que não tem, ainda, um montão de Segways andando por aí 😉

COM QUE ROUPA VOU E O QUE EU LEVO?

Meu conselho: vá de roupa confortável e sapato baixo e leve algo para se proteger do vento e do sol. Assim, não esqueça o protetor solar e pelo menos um casaquinho impermeável leve, ou luvas e cachecol se estiver frio. Afinal, são horas de exposição ao sol e ao calor ou ao frio e ao vento. Dá para levar a máquina fotográfica e andar de Segway com ela pendurada no pescoço, mas o ideal é deixar a máquina em uma mochila nas costas e usá-la nas paradas. O guia normalmente tem uma boa máquina fotográfica e tira fotos que podem ser depois gravadas em um CD ou pendrive. Na maioria dos lugares é obrigatório o uso do capacete. Em Madri, era opcional.

EU ME ANIMEI, ONDE POSSO FAZER ESTE PASSEIO?

Há várias cidades nos EUA e algumas na Europa onde é possível fazer um tour de Segway. Entre elas Chicago, Washington DC, São Francisco, Orlando, Dallas e New Orleans. E Madri, Lisboa, Roma, Berlim e Viena. É aconselhável sempre reservar o tour com antecedência, já que normalmente os lugares são limitados, especialmente no verão.

E uma última mas não menos importante notícia:  já existem passeios de Segway no Brasil. A Segway Tour Porto Alegre faz passeios nesta cidade e a Segway Tours Curitiba também tem passeios, que por ora estão suspensos.  Uma pesquisa na internet mostrou que a empresa SG Tour Brasil loca os Segways para publicidade mas ainda não oferece detalhes de passeios, locais e preços.

Na sua próxima viagem, se for para algum destes lugares e tiver uma manhã ou tarde livre, aproveite para ter esta experiência, é muito bacana!

Se quiser ler mais a respeito dos tours em Segways, o Edu Luz e a Nat e o Fred têm estes posts bacanas sobre o assunto: DCPV em Madri, DCPV em Barcelona, DCPV em Orlando e Sundaycooks em Chicago.

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Nunca gostei de Campari. E quando o Aperol começou a dar as caras no Brasil, com a mesma cor e a mesma nacionalidade do primo enjeitado,  torci o nariz para ele.  E demorei para provar um Aperol Spritz. Por muito insistência da cunhada Caroline, acabei experimentando a versão do L’Entrecôte de Ma Tante, restaurante predileto da minha sobrinha Sophia. E churrasco vai, churrasco vem, aprendi a fazer a versão da Caroline e daí fiz a minha, que é a que segue abaixo. Adoro fazer Aperol Spritz para os meus convidados. Quem já veio aqui e já tomou o meu, é um gesto de carinho viu gente? 😀

E o Campari nesta história? Bom, neste último fim de semana recebi de volta e de braços abertos o primo enjeitado do Aperol. Provei na casa do José e da Zaíra um drink adaptado de um livro muito bacana, o Recetas para Compartir da Juliana López May (um livro do qual ainda vou postar muitas receitas aqui, lindo e delicioso), no qual junta-se o Campari com suco de laranja. A minha versão predileta está abaixo. Com suco de mexirica, claro.

Vale a pena provar os dois. E aqui termina o meu pequeno tratado dos drinks cor-de-laranja 😛

Aperol Spritz do Rosmarino

Em uma taça flute, colocar “um dedo” de Aperol e dois cubos de gelo. Completar com espumante brut. Finalizar com uma fatia fina de mexirica.

 

Campari con naranja do Rosmarino

Em um copo alto, colocar uma dose de Campari e cubos de gelo. Completar com suco de mexirica batido e coado.

 

Enjoy!

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Em casa todo dia no almoço o cardápio é o mesmo: salada de alface + rúcula + tomate (às vezes pepino e couve crua, da qual o Mike gosta), uma verdura refogada (abobrinha, berinjela, couve-flor, brócolis, chuchu, abóbora cabocha, vagem + cenoura, couve, etc.), arroz, feijão e uma proteína (carne de boi ou porco, frango, omelete, peixe).

Assim, à noite no jantar ninguém quer ver arroz e feijão pela frente. Já tentei emplacar no jantar as sopas, mas só eu gosto (por mim, jantaria sopa + pão todos os dias da minha vida!). Já tentei os grão integrais, como grão-de-bico, quinoa, cevadinha, arroz ‘sete grãos’… Mas nem isto deu muito Ibope aqui. No fim ficamos nas batatas, no macarrão, nas tortas e tudo acaba  meio engordativo demais. Acabei negociando um jantar de arroz e feijão e um jantar só de carne + legumes semanalmente. O negócio anda funcionando, mas preciso sempre bolar legumes com uma ‘cara glamour’ – e às vezes um qual o quê de carboidratos – senão não vai mesmo.

Esta abobrinha foi um dos legumes que mais fez sucesso por aqui. Tirei a ideia de uma receita que minha prima carioca Ciça republicou na sua página no Facebook. Todos amaram e quando faço não sobra uma rodelinha para contar história 😛

Abobrinha crocante

2 abobrinhas
2 col (sopa) de azeite + azeite para untar a forma
2 dentes de alho espremidos
1 pão francês amanhecido congelado (importante porque assim fica mais fácil ralar na hora!)
sal e pimenta-do-reino a gosto
2 a 3 col (sopa) de queijo parmesão ralado

Pré-aquecer o forno a 180ºC. Untar levemente uma assadeira. Lavar e fatiar as abobrinhas. Arrumar as rodelas na assadeira. Reservar. Ralar o pão francês. Em uma frigideira, aquecer o azeite e dourar levemente o alho. Juntar o pão ralado e mexer até ficar uniforme. Desligar o fogo. Com uma colherinha, colocar esta mistura de pão ralado sobre as abobrinhas. Polvilhar o queijo ralado. Levar ao forno sem cobrir por 30-40 minutos ou até dourar.

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Papo vai, papo vem…  juntamos uma turma de viajantes que adora cozinhar e fizemos em casa um jantar Gourmet Viajantes 😀

Tudo começou quando finalmente conseguimos agendar uma data para cozinhar com o Edu e a Dé e o Eymard e a Lourdes. A data escolhida já estava agendada pelo Edu e pela Dé para jantar com o Fred e a Nat. Nada melhor que juntar os dois programas 😛

O jantar dos viajantes foi um sucesso. Eu fiz a entrada de atum tataki com molho oriental e preparei os Aperol Spritz de aperitivo. O Mike fez um pernil de cordeiro assado no forno à lenha, o Edu fez um risoto com ricota defumada e rúcula e o Fred preparou um trio de sobremesas com bolo de baunilha com calda de limão, brigadeiro de colher e a Taça Caipira, especialidade da família, tipo um tiramisù bem brasileiro. O Eymard e a Lourdes trouxeram os vinhos, super bem escolhidos, do espumante para o Aperol Spritz ao tinto do jantar. A Dé, fotógrafa oficial do DCPV, tirou lindas fotos, que inclusive ilustram este post. Valeu Dé 🙂

Se quiser saber mais sobre como foi este jantar, está tudo aqui explicadinho neste post bacana do Edu.

O ‘tataki’ é uma preparação típica da cozinha japonesa, na qual o filé de peixe ou carne é selado por fora e mantido mal-passado por dentro. Depois de selado, o peixe pode ser envolto em ervas, pimenta-do-reino moída ou gergelim e é normalmente servido com um molho cítrico ou de gengibre.  Neste caso, o ‘tataki’ de atum foi servido com um molho que chamei de oriental, uma receita adaptada deste livro que eu adoro.

Receitinha muito bacana para impressionar, pois é bem fácil de preparar 😉 Dá pra fazer tudo antes, deixar o molho pronto e o atum já selado. Na hora, é só fatiar e cobrir com o molho. Leve, pouco calórica, nutritiva e linda né?

fotos Débora Luz

Atum tataki com molho oriental
(adaptada deste livro)

um lombo de atum (cerca de 500 g)
azeite para untar o peixe
gergelim preto e branco para envolver o peixe
1 pimenta dedo-de-moça sem sementes e bem picadinha
1/2 xíc (chá) de cebolinha verde picada
1 col (sopa) de gengibre fresco ralado na hora
suco de um limão
1 col (sopa) de azeite
1/2 xíc (chá) de shoyu (molho de soja)

Fazer primeiro o molho: em uma vasilha pequena, misturar a pimenta dedo-de-moça, a cebolinha, o gengibre, o suco de limão, o azeite e o shoyu.  Reservar.  Cortar as beiradas do lombo de atum para deixar o pedaço bem uniforme. Untar o lombo de atum com azeite. Em um prato fundo, misturar os dois tipo de gergelim, na mesma quantidade. Passar o lombo de atum neste gergelim, cobrindo-o por todos os lados. Levar ao fogo uma frigideira anti-aderente larga. Quando ela estiver quente, colocar o atum. Com uma pinça, virá-lo para que todos os lados fiquem em contato com o fundo da frigideira. Deixar um minuto de cada lado. Retirar o lombo de atum do fogo e fatiá-lo. Servir com o molho.

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Na opinião da família, inclusive dos adolescentes gourmets :-P, o Mercado Central foi o melhor passeio em Belo Horizonte. Seguimos a dica da @atiepolo e ficamos em um hotel pertinho do Mercado, pelo que pudemos aproveita-lo bastante.

Pulamos o café do hotel e fomos todos os dias tomar o café da manhã dos campeões no Mercado, sempre firmes no tour-degustação-do-pão-de-queijo-e-do-bolo-de-fubá-com-cafezinho 😛 Almoçamos um dia no Casa Cheia, sobre o qual já falei neste post. Fartei-me nas banquinhas de utilidades domésticas, aquelas banquinhas ‘de feira’ que vendem de tudo um pouco do que a gente precisa. Também aproveitamos o segundo andar do Mercado onde ficam as banquinhas de artesanato e os famigerados souvenirs.  E fizemos ótimas compras de comidinhas no Mercado. Foi o medo do excesso de bagagem no voo da volta que nos segurou um pouco. Da próxima vez vamos de carro, com o porta-malas cheio de isopores, certeza 😉

A seguir, um apanhado das dicas do Rosmarino e da Ane Tiepolo para vocês.

Tomamos café da manhã no Dona Diva e gostamos bastante.  Mas nada superou o Comercial Sabiá, com seu pão de queijo fresquíssimo e puxa-puxa, seu bolo de fubá com queijo macio e saboroso e seu bolo de tangerina leve e perfumado. O café, um blend de dois tipos que eles mesmo comercializam, foi o mais gostoso da viagem. Não dá para perder. E vale a pena levar estes cafés para casa.

Almoçamos no Casa Cheia, sobre o qual já contei aqui. Imperdível. Se a casa estiver realmente muito cheia (perdão pelo trocadilho), ao menos petisque no Bar da Lora, corredor apertado e cheio mas que oferece uma cerveja geladíssima e pratos como o Não Acredito, composto de carne de sol, linguiça defumada, mandioca e requeijão, servidos com molho de seriguela, melaço de rapadura e farinha de pequi. Para quem gosta, a porção de fígado acebolado com jiló é um clássico do Mercado. A Ane foi e aprovou.

Difícil dizer onde estão as melhores lojas de doces e de farinhas, pois são várias espalhadas pelo Mercado. Vale a pena trazer fubá, farinha de milho e farinha de mandioca, da melhor qualidade. Nós trouxemos queijo da canastra e mistura de farinhas já pronta para fazer pão de queijo. E goiabada Zélia e doce de leite Viçosa. Trouxe também outros doces como de figo, de abóbora e de coco, tudo produção artesanal mesmo. O Ponto das Bebidas e a Cachaçaria Barroca têm boas marcas de cachaças, como a Anísio Santiago e a Canarinha, entre outras boas. Dica da Ane também.

A Ane encontrou as melhores panelas de ferro na Crisbele. Vários modelos e tamanhos e as melhores grelhas. Há uma oferta grande de panos de prato, produtos de palha e de couro, principalmente no segundo andar do Mercado. Meus filhos se deliciaram com uma loja bem na frente do Casa Cheia, onde vendiam-se chapéus de cowboy e cintos com medalhão. Até com um berrante nos voltamos para casa 😀

Vai um cafezinho com pão de queijo aí? 😛

foto Alexandre Costa

Fomos proibidos de fotografar dentro do Mercado Central de Belo Horizonte. Acredito que é uma regra recente, já que outros blogs têm muitas fotos do local, feitas de forma legítima. Porém, o Alexandre Costa,  que gentilmente cedeu a imagem acima do café com pão de queijo, tem este post muito bacana do Mercado Central de BH, onde dá as suas dicas de local e posta fotos belíssimas do lugar. Não percam!

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Infelizmente este post não tem aquelas fotos babantes de comidas 🙂 No Mercado Central de Belo Horizonte é proibido fotografar. Respeitamos a regra. Nos outros locais, curtimos tanto a noite que pouco pensei em tirar boas fotografias. Shame on me blogueira!  Mas às vezes não tenho mesmo vontade de fotografar com grandes produções durante a refeição, quero é curtir os sabores. É por isto que este blog é amador, né gente? 😉
Mas vamos ao que interessa.

Ir a Belo Horizonte e não botecar é pecado mortal. Afinal, a cidade é conhecida como a “capital nacional do boteco” e tem mais de 12.000 estabelecimentos do tipo. Os botecos da cidade são uma verdadeira instituição gastronômica e cultural e não é à toa que o festival Comida di Buteco nasceu em BH, no ano de 2000. Desde então os botecos de BH se esmeram em criar pratos e tira-gostos diferentes e saborosos a cada ano.

É claro que com pouco tempo disponível e com adolescentes não dá para fazer o circuito completo de botecos bacanas da cidade. Mas pelo menos um gostinho deu pra ter. Escolhemos dois botecos da lista super apetitosa que a @atiepolo me passou. Valeu a pena. Almoçamos um dia no Casa Cheia no Mercado Central e pegamos um final de tarde para ir ao Bar do Careca. O Bar do Zezé, o outro próximo da lista, infelizmente ficou de fora.

No último dia, já sentindo vontade de dar uma pausa no regabofe de comida mineira (nos fartamos dela!) e vendo que os meninos estavam cansados e sem vontade de sair do hotel, resolvemos curtir a noite a dois e mudar um pouco. Saímos da cerveja para o vinho e fomos beliscar no Oak Restaurante e Wine Bar. E BH foi assim, do roots ao glamour, de pé no chão e de salto alto, abrindo e fechando com chave de ouro.

Casa Cheia

O nome Casa Cheia não é à toa. Chegamos para almoçar às 12h em ponto e o lugar já estava lotado. Fomos os primeiros da fila de espera. Quando saímos, a fila estava gigantesca. O Casa Cheia fica espremido num canto do segundo andar do Mercado Central e é cheio, apertado e sem muito capricho. Mas o lugar é cheiroso, a comida é divina, o atendimento  eficiente e os preços excelentes. A cozinha fica à vista e é bacana olhar seu movimento. É a melhor opção para almoçar no Mercado. Infelizmente faltou coragem na galera para provar o famoso tira-gosto do Mercado, o fígado acebolado com jiló, mas provamos três pratos, dos quais dois já tinham sido premiados em edições anteriores do festival Comida di Buteco. O Mexidoido Chapado, um mexido de arroz e feijão com picanha, lombo defumado, linguiça caseira, bacon, legumes e um ovo de codorna frito coroado por uma pimenta biquinho estava uma delícia. Outro prato que adoramos foi um cozido de cordeiro, no qual o cordeiro é marinado com vinho e temperos e cozido junto com costelinha suína, linguiça e legumes, servido com arroz com brócolis e batatas-fritas. Tudo delicioso, dos pratos à cerveja bem geladinha.

Bar do Careca

Pé-sujo cheio de charme, com suas paredes descascadas, chão rachado, mesinhas com toalha de plástico, mas com a comida mais cheirosa e com o dono de coração mais quente da cidade. O Careca veio à mesa conversar e contar seus causos. Está sempre lá e é ele que praticamente  faz toda a comida do lugar. Acorda cedíssimo e começa a preparar o mis-en-place, coloca as carnes para assar, os peixes para grelhar, os ensopados para ferver. Sua comida é uma delícia mesmo. Feijão tropeiro temperadinho, carne de panela untuosa, um lombinho com jiló que até os filhos provaram. Com direito a um bolinho de bacalhau sequinho e perfumado de entrada e uma cerveja Original para acompanhar. O Careca, com toda sua simpatia, nos deu a receita da sua geleia de pimenta que casava maravilhosamente bem com o lombinho com jiló. E ainda de lambuja nos presenteou com um pouco do seu tempero especial, preparado por ele todos os dias e que leva cebola, alho, gengibre e ervas. Uma noite gostosa na qual acalentamos o estômago e a alma com a hospitalidade mineira.

 Oak Restaurante e Wine Bar

Continuamos brindados pela simpatia e hospitalidade mineira neste wine bar/restaurante. Lugar muito gostoso, com mesas na varanda de frente pra a rua, decoração moderna e aconchegante, música e iluminação na medida certa. O sommelier, muito atencioso, veio nos recomendar suas escolhas de vinho branco e vinho tinto. Tomamos o primeiro com um trio de canapezinhos de salmão defumado e salmão tartar. O tinto foi acompanhado de canapés de carpaccio, saborosos e delicados. Por fim, uma amostra de cinco sabores de brigadeiros de colher, numa apresentação bonita e gostosa. Foi o suficiente para fechar a noite depois de um lauto almoço de comida mineira de raiz 🙂

 

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Muito já se falou sobre Inhotim. Assim, quem quiser relatos detalhados das alternativas de transporte e de opções para se hospedar durante este passeio, sugiro dar uma lida neste post do Viaje na Viagem. Aqui vou dar minhas dicas de como aproveitar melhor o passeio com estes viajantes curiosos, incansáveis e que vivem em busca de aventuras: os filhos adolescentes.

Quando ir?

Inhotim é um museu ao ar livre, logo a gente se locomove a pé por todo o parque, mesmo aproveitando o transporte nos ‘carrinhos de golf’ em alguns trechos. Claro que no verão fica mais difícil e sofrido caminhar no calor. O ideal é ir entre os meses de março e outubro.

Quanto tempo ficar?

Como já disse neste post, acho que um dia de Inhotim com adolescentes é suficiente. Eles têm energia para andar e ver tudo, não param quietos, passam rapidamente por aquilo que não chama sua atenção e ficam mais tempo em algumas obras somente. Não querem parar para fazer um lauto almoço e preferem mesmo um cachorro-quente ou uma pizza. Também não fazem o tipo contemplativo de jardins e pássaros 😀 Assim, por mais que eles gostem, a novidade se esgota em um dia mesmo.

Onde ficar?

Até porque optamos por ficar um dia apenas em Inhotim, achamos melhor nos hospedarmos em Belo Horizonte. Em BH há uma oferta muito  maior de hotéis com bom custo-benefício. A hospedagem perto do parque é mais cara e mais precária. Vale a pena mesmo para quem está fazendo um passeio mais preguiçoso, curtindo o campo. Ou pra quem está vindo de outra cidade, como por exemplo de Tiradentes,  e vai fazer uma parada no caminho em Inhotim antes de seguir para Belo Horizonte. Os meus adolescentes curtiram muito ficar em BH e visitar o Mineirão, os museus, o Mercado Central. Não nos arrependemos da decisão.

Como ir?

Com mais gente (éramos quatro) acaba valendo a pena alugar um carro para ir a Inhotim. De carro são 60 km e levamos cerca de uma hora para ir e uma hora para voltar. No site do Instituto Inhotim há um mapa explicando como chegar e suas instruções funcionam direitinho. O caminho pela BR381 é o mais rápido e a estrada é boa. Mesmo o trecho sem asfalto já perto do parque não oferece grandes complicações. No local há um amplo estacionamento.

O que vestir e o que levar?

É fundamental usar um sapato confortável. A gente anda o dia inteiro, mesmo! É bom levar um chapéu ou boné, óculos escuros, muito filtro solar e, para os mais sensíveis, repelente de insetos.  E roupa de banho e toalha! Não vou dizer porque, é surpresa 🙂 O ideal é ter apenas uma mochila para o mais forte carregar nas costas os pertences de todos, incluindo chave do carro, documentos, carteira, filtro solar, repelente, garrafinha de água, máquina fotográfica, toalha, etc. Se tiver previsão de chuva é bom levar capa de chuva para os adolescentes e guarda-chuva portátil e levinho para os adultos. Mas se a previsão não falar em chuva não se preocupe, porque em Inhotim há guarda-chuvas para empréstimo em todas as galerias, que servem muito bem para uma emergência.

O que e onde comer?

Há restaurantes muito gostosos em Inhotim, porém, seguindo a vontade dos meninos e com a agenda apertada, optamos por um almoço rápido de pizza no meio do caminho. A pizza e o cachorro-quente são gostosos e os locais com mesinhas simples são agradáveis. Lembrem-se que optar por um dos restaurantes significa voltar, às vezes de longe, usando o carrinho ou caminhando, o que pode atrasar bastante o passeio de apenas um dia.

Como visitar o parque?

O parque é para ser visitado a pé, mas como o local é bem amplo e há um trecho de subida, há a possibilidade de pagar para usar o transporte em ‘carrinhos de golf’ (carros elétricos abertos) em alguns trechos apenas. Pelos caminhos estão galerias fechadas que contêm uma ou mais salas/obras e também obras ao ar livre. Há lindos jardins, sempre com bancos ou mesas com cadeiras para descanso. O ideal é pegar o mapa do local e seguir as trilhas uma de cada vez, curtindo o que há pelo caminho. Há banheiros e lanchonetes por todo o parque.

Para otimizar nossa visita compramos os ingressos pela internet, já com o transporte nos ‘carrinhos de golf’ incluído. Chegamos ao parque na hora da abertura, às 9h30, e saímos às 17h, meia hora antes do fechamento. Para quem vai ficar só um dia no parque, é fundamental: a) chegar cedo e b) comprar o direito de usar o transporte do parque para chegar mais rapidamente nas obras mais afastadas.

Afinal, o que ver em Inhotim?

Quando resolvemos ir a Inhotim, seguimos o conselho de familiares e amigos e não pesquisamos nada sobre o acervo do parque. No máximo alguma coisa sobre a criação de Inhotim, a origem do nome, etc.  E valeu a pena! Acredito que as surpresas são essenciais para dar um colorido à visita ao parque, especialmente com adolescentes curiosos e que buscam experiências surpreendentes 🙂  Se quiser mesmo saber mais, os blogs ViaggiandoVambora! e Turomaquia dão informações detalhadas sobre as obras que compõem o acervo.

Mesmo sendo a favor das surpresas, é interessante destacar por alto aquilo que  agradou mais e o que agradou menos os adolescentes. Na opinião dos meninos, não dá para perder as galerias do Doug Aitken, da Mata (eles adoraram a última sala de vidro e o filme que mostra as línguas já extintas ou em extinção), a  Cildo Meirelles, a Valeska Soares, a galeria da Praça e a preferida de todas, a Cosmococa. Também curtiram muito o jardim e a piscina de alfabeto da Marilá Dardot e o telescópio da Dominique Gonzalez-Foerster. A área do lago atrás da Recepção foi deixada por último e considerada pelos meninos o trecho mais sem graça. A galeria do Miguel Rio Branco, é sempre bom lembrar, é imprópria para crianças.

Mais não digo porque as experiências dos adolescentes,  assim como dos adultos e até das crianças, varia muito. Melhor não estragar as surpresas. Vá sem preconceito, explore tudo e aproveite muito 😀

 

 

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