O lomo saltado é o bife-com-arroz-feijão-e-batata-frita-de-todo-dia no Peru. Embora não tenha o feijão no prato 🙂 Isto porque qualquer cozinheira peruana sabe preparar este prato, que é uma das mais típicas e aconchegantes refeições em uma casa limenha.

Assim como o ceviche sofreu a influência dos japoneses, que trouxeram para a receita o peixe fresquíssimo e praticamente cru, também  a preparação do lomo saltado sofreu influência de uma culinária de fora, a culinária chinesa, chamada chifa. O lomo saltado é feito normalmente na wok, onde são salteados a cebola, o alho, os tomates, as pimentas e a carne de boi em cubos ou tiras. O tempero é uma mistura de China com Peru: leva pisco, shoyu, coentro e salsinha 🙂

Lomo saltado à minha moda

2 a 3 colheres (sopa) de óleo de canola ou milho
1 kg de filé mignon ou coxão mole cortado em tiras
500 g de cebola cortada em pétalas
500 g de tomate cortado em pétalas
1 pimentão cortado em tiras bem finas (ou 3 ajies amarillos se você conseguir achá-los)
2 dentes de alho
1 colher (chá) de pimenta dedo-de-moça sem pele e sem sementes bem picadinha
1/2 xícara (chá) de molho de soja (shoyu)
1/3 xíc (chá) de vinagre
2 colheres (sopa) de coentro picadinho
2 colheres (sopa) de salsinha picadinha
sal e pimenta-do-reino a gosto

Aquecer o óleo na wok. Temperar a carne com sal e pimenta-do-reino. Saltear a carne na panela. Juntar o pisco e flambar a carne.  Assim que a carne dourar, removê-la da panela. Na mesma panela saltear a cebola, os pimentões, o alho e os tomates, adicionando cada ingrediente de uma vez, nesta ordem, para que dourem por igual. Os legumes devem ficar corados mas não moles! Assim que dourarem, devolver a carne à panela e juntar o shoyu e o vinagre. Saltear mais um pouco, deixar reduzir um bocado, juntar o coentro e a salsinha, misturar e retirar do fogo. Servir imediatamente com batatas fritas cortadas grossas e arroz branco.

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Se o prato emblemático do Peru  é o ceviche, a bebida é o pisco sour. Diz a lenda que este drink foi inventado no Morris Bar de Lima, nos anos 20.

Fizemos uma aula e uma degustação de piscos com o Jesus, o simpático e competente barman do Malabar, onde também aprendemos a preparar o pisco sour e o pisco punch.

Foram os espanhóis que primeiro  trouxeram as uvas para o Peru, com a óbvia intenção de produzir vinhos localmente. Mas foram as uvas pisqueras e a produção de pisco que tornaram o Peru conhecido no mundo etílico. O pisco é um destilado de vinho puro, diferente da grappa, que é um destilado de mosto. Para fazer o pisco as uvas não são prensadas, mas centrifugadas, e depois fermentam por cerca de uma semana.

Pisco é uma denominação de origem e os similares produzidos fora do Peru ou sem as uvas pisqueras são apenas aguardentes de uva.  Há quatro tipos de pisco: puro (seco, feito com uvas Quebranta), aromatico (feito com uvas Moscatel, Torrontés ou Itália e com aroma e sabor mais frutados), acholado (produzido com uma variedade de uvas)  e mosto verde (não totalmente fermentado e assim mantendo um pouco do açúcar natural da fruta no resultado).

O pisco puro não é muito amigável ao paladar, mas nada como um pisco sour bem gelado acompanhado daqueles grãos de milho gigantes, crocantes e salgadinhos para deixar qualquer um feliz. Uma dupla viciante da qual nos fartamos no Peru.

Para preparar um bom pisco sour o mais complicado é encontrar os ingredientes certos. Para quem vai ao Peru, vale a pena trazer uma garrafa de pisco e uma garrafa de jarabe de goma, o xarope de açúcar que deixa o pisco sour com a doçura e a consistência perfeitas.

No Brasil há pisco (e angostura para finalização do drink) para vender em casas de bebidas ou supermercados gourmets. O jarabe de goma é mais difícil de achar, mas é possível comprá-lo em casas de produtos peruanos. Dá para substituir o jarabe de goma por açúcar branco, mas cuidado com as quantidades para a bebida não ficar muito doce. Vá aos poucos para achar a medida certa ao paladar. Outra dica importante é chacoalhar bastante a coqueteleira na hora de preparar a bebida. Assim, a clara de ovo ficará cremosa e ‘espumosa’ e não deixará ‘gosto de ovo’ no seu drink.

Pisco clássico

3 medidas (cerca de 270  ml) de pisco
1 medida (cerca de 90  ml) de suco de limão
1 medida (cerca de 90  ml)  de jarabe de goma 
1 clara de ovo
gelo a gosto (usei um copo)
gotas de angostura

 

 

Colocar na coqueteleira o pisco, o suco de limão (espremido na hora por favor!), o jarabe de goma (ou o açúcar), a clara de ovo e os cubos de gelo. Bater por alguns minutos até a clara de ovo ficar espumosa e cremosa. Coar o gelo e colocar a mistura em dois copos. Colocar por cima de cada copo 2 a 3 gotas de angostura para finalizar (favor não reparar na coordenação motora desta pessoa que vos escreve que conseguiu transformar as gotas de angostura em um borrão :-P).

 

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Aproveitamos a fartura de peixe fresco em Lima e almoçamos todos os dias em cevicherias. A cevicheria é um bar/restaurante informal, que normalmente abre só para o almoço e onde o prato de resistência é o ceviche, em todas as suas formas.

tumbo, fruto peruano da família do maracujá

O ceviche é um dos pratos mais típicos, provavelmente o mais emblemático, da culinária peruana. No tour pelo Mercado de Surquillo aprendemos que os incas já preparavam uma variedade de ceviche antes dos espanhóis chegarem ao Peru. Como não tinham limões usavam frutas cítricas como o tumbo, da família do maracujá. Nosso guia contou que foram encontrados em um tumba inca resquícios de tumbo, peixe e sal, ao lado de potes e facas.

Com a chegada dos espanhóis o ceviche ganhou o sabor mais pronunciado do limão e o tempero pungente da cebola. Mais tarde, a influência dos japoneses foi decisiva para que o ceviche passasse a ser feito com peixe fresquíssimo e servido com o peixe praticamente cru.

aula de ceviche

Na aula de culinária que fiz no Peru aprendi algumas coisas bacanas sobre os ceviches.  Os peixes mais apropriados e mais fáceis de encontrar para preparar o ceviche são o robalo, o linguado, a corvina e o mero. Não precisa nem falar que quanto mais fresco o peixe, melhor o resultado final. Para que o peixe não fique cozido, é importante preparar o ceviche no momento de servi-lo ou no máximo duas horas antes. Outra coisa interessante: para cortar a acidez do prato, os peruanos servem junto com o peixe temperado um pedaço de milho (eles usam o choclo serrano, um milho adocicado)  e um pedaço de batata doce.  Normalmente o milho e a batata doce são cozidos em água com anis, uma pitada de açúcar e uma de sal. Por fim, é aconselhável usar  uma vasilha de vidro para preparar o ceviche e não vasilhas de alumínio ou plástico.

ajis no Mercado de Surquillo

Há uma variedade imensa de ceviches, que dependem dos tipos de ingredientes que são adicionados à receita. O tradicional é feito com peixe, cebola, suco de limão, coentro, aji limo (pimenta vermelha ou amarela) e sal. Mas é comum ainda usar outros frutos-do-mar e adicionar leite, alho, gengibre ou a  pasta de aji amarillo, a pimenta cor-de-laranja tão típica do Peru.

Para mim o aji amarillo combina lindamente com o peixe e os demais temperos do ceviche. Foi assim no melhor ceviche que comi por lá, o do Astrid & Gastón, que foi servido com algumas lulas crocantes por cima, uma verdadeira delícia.

ceviche incrível do Astrid & Gastón

Ceviche à minha moda

200 g de robalo fresco cortado em cubos grandes
2 colheres (sopa) de cebola em tiras finas
1/2 colher (chá) de pimenta dedo-de-moça bem picada sem as sementes
1 dente de alho
1 col (chá) de coentro bem picado
1/2 colher (sopa) de gengibre ralado
suco de 2 limões
1 colher (sopa) de leite
pimenta-do-reino e sal a gosto

Cortar o peixe em cubos grandes. Fatiar a cebola em tiras finas. Deixar a cebola de molho em água fria com gelo por alguns minutos. Retirar a cebola do gelo e juntar ao peixe. Acrescentar a pimenta dedo-de-moça, o alho, o coentro e o gengibre. Por último o suco de limão e o leite. Temperar com pimenta-do-reino e sal.

 

 

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Entre as coisas bacanas e diferentes que provei no Peru está a chicha morada. Este refresco tipicamente peruano é feito com o milho de cor roxa, o maiz morado, fervido com especiarias e frutas e depois adoçado a gosto. É servido sempre frio ou gelado. Uma delícia, bem refrescante.

O maiz morado, por ter muitas antocianinas e compostos fenólicos, é um excelente antioxidante. Esta matéria explica que o pigmento do milho maiz morado previne o desenvolvimento do câncer de colon, abaixa a pressão sanguínea, age como antiinflamatório e promove a formação de colágeno. Ou seja, uma delícia cheia de saúde. Não é fácil achar o maiz morado no Brasil, mas na feira da Praça Kantuta, a feira boliviana que acontece aos domingos no bairro do Pari em São Paulo (que aliás é um super passeio legal!), às vezes tem este milho debulhado em saquinhos. Achar as espigas é mais raro, quem souber onde tem, corre comprar e fazer 😛

Chicha morada

1 kg de milho roxo (maiz morado)
cascas de um abacaxi maduro e/ou de 2 maçãs verdes
5 cravos
2 paus de canela
4 litros de água
suco de 3 a 4 limões
1 xícara (chá) de açúcar mascavo

Colocar em uma panela grande e funda a água, o milho, as cascas de abacaxi e/ou as cascas das maçãs, os cravos e os paus de canela. Deixar ferver de 45 minutos a uma hora.  Quando os grãos de milho começarem a abrir, retirar do fogo e deixar esfriar. Depois de frio coar o líquido e adicionar o açúcar e o suco de limão. Eu gosto pouco doce e bem azedo, então usei apenas uma xícara (chá) de açúcar mascavo e e suco de 4 limões, mas fica ao gosto de cada um! Servir bem gelado.

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Não foi nada fácil escolher os restaurantes para comer em Lima. Como acontece com quase todo mundo que curte comer, em Lima são sempre poucos dias para muitos lugares. Escolhi restaurantes para jantar e cevicherias para almoçar, principalmente porque adoro peixe e frutos do mar e queria me fartar deles. Depois me arrependi, devia ter deixado de lado algumas cevicherias e ter ido ao Panchita ou outra anticuchería para provar comida peruana tradicional que não fosse do mar. Mas nada que não me permita sonhar com uma próxima viagem 😛

PESCADOS CAPITALES

Neste post sobre os programas imperdíveis em Lima já falei do Pescados Capitales. Uma delícia de lugar, vale a pena reservar uma data para almoçar neste restaurante que é bom, bonito e relativamente barato. O lugar é grande, acomoda bastante gente e dá para ir sem reserva. Os garçons são simpáticos e o cardápio divertido, todo baseado nos pecados capitais. Peça um pisco e petisque o milho frito da casa ou um piqueo. Para começar, prove um ceviche ou tiradito. Adoramos o cebiche capital 3 x 3. Experimente um peixe, massa ou risoto e de sobremesa, a mousse de chirimoya ou a tarta de lucuma que são divinas.

ASTRID & GASTÓN

Adorei o Astrid & Gastón e, ao contrário de muita gente, gostei mais da minha experiência nele do que no Central.  No Astrid & Gastón  fomos de menu-degustação e não nos arrependemos. Tudo gostoso, bonito e na medida certa. Lá comi o melhor ceviche da minha vida, um tanto quanto heterodoxo, com seus anéis de lulas fritas e crocantes misturadas ao peixe fresco cru. Uma sobremesa linda, leve e deliciosa fechou a refeição: sorvete de lucuma com uma casquinha crocante de chocolate.

CENTRAL

Decepcionei-me um pouco com o Central. Mas acredito que há toda uma expectativa que cerca estes lugares tão falados e incensados.  O menu-degustação do Central era de uma boniteza só, muito variado, criativo e diferente. Mas talvez um pouco radical demais para mim. Achei que alguns dos frutos do mar não estavam na textura que eu gostaria de comer, além de sentir falta de um pouquinho mais de sal em alguns momentos.  Mas valeu a experiência. O chocolate deles é sensacional, sirva-se de mais de um no final da refeição 😉

(No Central tomamos o único vinho digno de nota de toda a viagem: o neozelandês Sauvignon Blanc Villa Maria 2012. Muito bem recomendado pelo sommelier do local)

MALABAR

Voltando a falar de expectativas, o Malabar foi a grande surpresa da viagem, principalmente porque eu não esperava nada dele. Um menu-degustação mais enxuto do que do Astrid & Gastón e do Central, na medida da fome das pessoas normais e muitas surpresas bacanas. Aqui provei pela primeira vez a alga cushuro, bolinhas verdes refrescantes que combinaram muito bem no ceviche de almejas servido como segundo prato, após a lula. Depois, peixe e pato e por fim a sobremesa que estava de uma delicadeza e gostosura ímpar, a cahuana de coco con guanábana y cítricos regionales.

RAFAEL

Gostei bastante do Rafael embora tenha provado apenas uma entrada de polvo na brasa e um prato único, com atum fresco. Tudo gostoso e na medida certa.

MAIDO

Queria uma experiência em um restaurante nikkei peruano e da lista tríplice que tinha o Hanzo, o Maido e o Osaka, acabei escolhendo o Maido.  Confesso que não fomos muito felizes nele. Começou com a bebida. Apesar de termos feito a reserva e chegado uns 5 minutos antes do horário marcado, e apenas uma mesa do restaurante estivesse ocupada, nos colocaram à espera no bar. Ofereceram-nos uma taça de vinho branco que deixou muito a desejar. Pedimos sake. Serviram um sake bem ruim… produzido nos EUA. A comida estava apenas boa.

EL MERCADO

O El Mercado, a cevicheria do chef Rafael Osterling nos agradou muito. Um ceviche impecável e um prato delicioso, o Tacu Tacu Amelcochado feito com frutos do mar salteados em um molho de vinho branco, pisco e aji amarillo, servido sobre uma mistura de arroz e feijão, que parecia um bom curry. O lugar é gostoso mas por ser praticamente ao ar livre estava bem frio, o que atrapalhou um pouco a refeição. Fiquei com vontade de voltar em um dia mais quente e provar outros pratos.

Pois é! Faltou muuuito lugar para experimentar em Lima. 😀

Ficaram para minha lista futura o La Mar peruano, o La Gloria (um dos mais antigos, conceituados e tradicionais da cidade),  os nikkeis Osaka e Hanzo, o já mencionado Panchita (a antícucheria do Gastón Acurio), o Lima27, o Amor Amar e o Tanta indicadíssimos pela Manu do Cup of Things. Até o La Rosa Nautica (o turistão com vista, ou melhor, dentro do mar) e o Huaca Pucllana (pela curiosidade de comer olhando a Huaca iluminada à noite). E o Maras, o Amaz e o Mayta que eu nem sei mais de onde tirei 😉

A Manu do Cup of Things  fala sobre o Lima27 neste post. Ela também comenta sobre o Tanta, o restaurante bom, bonito e barato de Lima onde comer não tem erro, aqui.

A Ailin Aleixo do Gastrolândia fala das suas escolhas de restaurantes em Lima (entre eles Astrid & Gastón, Central, Malabar e o Pescados Capitales) aqui.

O Edu Luz do DCPV fala da ida ao restaurante La Gloria neste post, do restaurante Rafael aqui e finalmente do Astrid & Gastón aqui.

A Natalie do Sundaycooks também fala do Pescados Capitales, entre outros, neste post e do Tanta aqui.

 

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Entre os passeios em Lima fiz um tour pelo Mercado de Surquillo, organizado pelo Taste of Peru Culinary Programs and Tours. O guia era graduado em Gastronomia e deu muitas informações interessantes sobre a culinária peruana. Além disso, aproveitei para provar várias frutas típicas e aprender mais sobre os peixes e frutos do mar peruanos.

Já contei aqui minha teoria do porquê o Peru é um país com alma gastronômica. Agora imaginem um mercado de carnes, frangos, peixes, frutos do mar, legumes, frutas e ervas peruanas em Lima. Justamente, um lugar super bacana para visitar 😛

 

Começamos pelas frutas. Observando as fotos da esquerda para a direita, abaixo, provamos 11 frutas diferentes: lucuma (tem uma textura cremosa que lembra a da gema de ovo cozida e é muito usada no Peru para fazer doces e sorvetes), chirimoya (a prima gigante da nossa fruta do conde), pepino (um ‘pêssego’ com gosto de ‘melão’), aguaymanto (aqui no Brasil conhecida como physalis), pacay (que aprendi com o JB que no Brasil também existe e chama-se ingá), cacao (dispensa apresentações), sanky, tuna (uma fruta de um cacto), granadilla (a prima doce do nosso maracujá), tumbo (da família do maracujá mas bem azedinha, os incas a utilizavam no preparo de seus ‘ceviches’ já que não havia limão no Peru pré-espanhol) e camu camu.

Entre as frutas, na barraca onde “havia de tudo” 😀 , duas surpresas: o cushuro e o suri.

Tinha comido no Malabar, no dia anterior, um ceviche com umas bolinhas de algas que eram uma verdadeira delícia. Até achei em princípio que se tratasse de um produto resultante do processo de esferificação. Mas não, era natural mesmo.   O cushuro é uma alga gelatinosa esférica que cresce e flutua em colônias nos lagos e lagoas andinos mais altos do Peru. Uma verdadeira delícia que explode na boca e tem um  gosto refrescante de ervas e de ‘mar’. Quem tiver oportunidade, prove, vale a pena.

Em seguida o guia vem com uma caixa cheia de restos de coco, cascas de banana e outros alimentos já meio passados. Embaixo deles, larvas nada apetitosas. Mas os peruanos gostam de comê-las e são vendidas no mercado assim, vivas e sendo alimentadas. Trata-se da larva do suri, um coleóptero amazônico também conhecido como picudo negro. Ou broca-do-coqueiro no Brasil. Eles comem a larva de suri frita e até caramelizada.  Dizem que é nutritiva e muito gostosa, mas não tive  desprendimento gastronômico suficiente para prová-la.

Passamos pelos milhos. Também uma grande variedade, entre as quais se destaca o maiz morado, assim chamado por ter a cor roxa por fora. Com ele se faz a chicha morada, um refresco super popular no Peru, produzido pela fervura do milho com especiarias como cravo e canela. Mas ele só é roxo por dentro, a pipoca do maiz morado sai branca mesmo 😉 Outra delícia é o aperitivo de grãos de milho gigantes, fritos e salgados.

Ao lado dos milhos os ajís, uma das bases mais fortes da culinária peruana. São as pimentas, ou chilis, e vêm em diversas cores e tamanhos. O ají amarillo, de cor alaranjada, é o mais usado em preparos típicos peruanos como ceviches, causas (camadas de purê de batata bem temperado, alternadas com recheios de frutos do mar e vegetais) e no ají de gallina (um tipo de strogonoff apimentado de frango). Estas pimentas são secas para a produção de temperos e molhos. No mercado havia desde os ajís frescos aos secos, passando pelos molhos já prontos e pelos ajís em pó, também utilizados para temperar e para fazer misturas de temperos. Um mais lindo e mais perfumado do que o outro.

No caminho em direção às batatas, uma barraca de grãos e farinhas que me deu vontade de levar uns dois ou três pacotes de cada, entre eles a quinua, a chia, a kiwicha (aqui conhecida como amaranto) e até a farinha de coca, que meu guia garantiu que é um super energético para acrescentar na batida de frutas do café da manhã dos campeões 😛

Na barraca das batatas, juntamos para uma foto 12 tipos de batatas diferentes (com uma mandioca ‘intrusa’ em cima). É pouco se pensarmos que existem hoje cerca de 3 mil tipos de batatas no mundo e cerca de um terço delas só existe no Peru, onde a batata se originou.

Também aprendi com o guia Adrian que o Peru tem uma excelente produção de vegetais ‘mediterrâneos’. Entre eles, boas azeitonas e alcachofras e uma surpresa. O Peru é o maior produtor mundial de… aspargos 😉 E também produz azeite de boa qualidade.

As ervas foram um capítulo interessante. Além de serem temperos, servem para o preparo de chás usados para fins medicinais e em rituais religiosos. É comum a pessoa ir ao xaman e ele encomendar as ervas  para fazer um chá que ajude a pessoa a evocar guardiães e protetores espirituais. Não só o conhecido ayahuasca, mas outros tipos também.

Também já contei que o mar peruano é o mais produtivo do planeta. Imaginem a variedade de peixes e frutos do mar encontrados neste mercado.

E, por fim o cuy (ou  ‘porquinho-da-índia’ para os brasileiros). Carne de cuy é considerada uma iguaria em algumas partes do Peru, como  por exemplo em Cusco. É um alimento de preço alto e consumido pela maioria dos cusquenhos apenas em ocasiões especiais (como fazemos com o bacalhau na Páscoa em São Paulo).  Como alimento a carne de cuy é uma valiosa fonte de proteínas, muito superior a de outras carnes. Além disto tem poucas calorias, pouca gordura e muitos sais minerais e vitaminas. Os peruanos dizem que, pela composição nutricional e pelas propriedades do alimento,  comer cuy é como comer peixe. Eu provei e é gostoso sim 🙂

O Edu e a Débora do DCPV também fizeram um passeio legal pelo Mercado de Surquillo e contam sobre ele aqui.

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Com viagem marcada para o Peru, combinei de encontrar a Manu Tessinari em Lima. A Manu é uma amiga brasileira que mora lá e tem um blog muito bacana com dicas do Peru, o Cup of Things.

Conversando com a Manu sobre as delícias e percalços da vida de blogueira de viagem, comentamos como é difícil responder a fatídica pegunta que volta e meia aparece: “o que é imperdível em xxxxx?” Esta pergunta capciosa é complicada quando temos um conhecimento mais do que superficial sobre um local. Como é o caso da Manu em Lima, por exemplo. Ou quando alguém me pede uma indicação de restaurante em São Paulo. Estas respostas costumam ser tratados de várias páginas 😀

Lembrei da conversa com a Manu para fazer este post.  Para mim, que fiquei apenas quatro dias em Lima, fica mais fácil escolher 😉  Com vocês, cinco coisas que considero imperdíveis para quem vai a Lima, no Peru.

1 – ANDAR NA BEIRA-MAR

Foto: Edu Luz do DCPV

A característica mais marcante da cidade de Lima é a beira-mar. A cidade propriamente dita fica à beira do mar mas não exatamente ao nível do mar. Há um barranco ou platô que se estende por quilômetros e separa duas avenidas que serpenteiam pela costa: uma lá embaixo, ao nível do mar, e outra em cima, beirando os prédios e casas da cidade, com muitos trechos de parques. Ou seja, para entender Lima é preciso ver esta singular geografia de perto. Mas há a peculiaridade do clima que deixa tudo ainda mais diferente. Lima tem umidade altíssima, mas praticamente não chove na cidade. Nos dias em que estive lá a umidade chegou a 100% e não choveu. Não há bueiros nas ruas 🙂 Durante o inverno, entre junho e setembro, isto provoca uma neblina densa que é quase onipresente na cidade. O céu é branco 95% do tempo. Não é muito bonito, mas é bem interessante e bem típico da cidade.

O melhor trecho para caminhar fica em Miraflores, entre o Parque del Amor e o shopping center Larcomar. Visite os dois. No caminho, estique os olhos para ver lá embaixo o restaurante La Rosa Náutica, que fica praticamente dentro do mar e é um dos mais tradicionais da cidade.

(A foto foi gentilmente ‘emprestada’ pelo Edu Luz do DCPV já que as minhas fotos do local não eram publicáveis)

 2 – PASSEAR PELO CENTRO HISTÓRICO

O Centro Histórico de Lima é um pouco maltratado mas tem atrações importantes. Vale a pena circular pela Plaza de Armas e arredores e conhecer algumas delas. Destaco a Catedral, o Palácio Episcopal, o Monastério de Santo Domingo, o Convento de São Francisco e a Casa Aliaga. Para mim, ficou faltando o Museo Bodega y Quadra. Se tiver tempo, vá. É bom ficar atento aos horários de abertura e fechamento. O Convento de São Francisco, por exemplo, fecha entre 12h e 16h. Outra informação importante: para visitar a Casa Aliaga é necessário agendar a visita. Mas vale a pena, o lugar é lindo.

A Manu explica tim tim por tim tim como explorar o Centro Histórico de Lima neste post aqui.

3 – VISITAR O MUSEU LARCO

O Museu Larco (ou Museo Arqueologico Rafael Larco Herrera) é um super passeio em Lima, por várias razões. Primeiro porque ele fica em um bairro residencial de classe média com praças e casas bem típicas da cidade.  Se tiver tempo livre, vá caminhando entre o Museu Larco e o Museu Nacional de Arqueología Antropología e Historia del Perú  e visite-o também. Segundo, porque ele fica em uma praça bonitinha. Terceiro pelo lindo jardim – que estava cheinho de primaveras floridas quando fomos – e pelo restaurante que dá vista para este jardim, o Cafe del Museo, que é uma delícia. Mas quarto e mais importante pelo próprio museu, onde há uma completa coleção de artefatos cerâmicos dos incas que contam muito da história deste povo. O tour guiado com a guia Natalie, que fala português, foi ótimo e fez toda a diferença. Não perca.

A Patricia do Turomaquia também foi ao Museu Larco e conta aqui porque também acha o programa imperdível.

4 – COMER NO PESCADOS CAPITALES

Comer bem em Lima é fácil. E vale a pena provar ao menos uma vez a tradicional cozinha peruana, mesmo para aqueles que não são fanáticos por comida. Porque comer no Peru, e especialmente em Lima, é programa turístico dos mais interessantes 😛 Mas se eu tivesse que escolher um lugar em Lima, certamente escolheria o Pescados Capitales. Também aqui por vários motivos. O lugar é grande, acomoda bastante gente e dá para ir sem reserva. Os garçons são ultra-simpáticos. A comida é excelente. O preço é bom. Que tal?

O cardápio é muito divertido, todo baseado nos pecados capitais. Peça um pisco e petisque o milho frito da casa ou um piqueo. Para começar, prove um ceviche ou tiradito. Adoramos o cebiche capital 3 x 3. Experimente um peixe, massa ou risoto e de sobremesa, a mousse de chirimoya ou a tarta de lucuma que são divinas.

O Edu e e a Dé também contam aqui como foi a experiência deles no Pescados Capitales.

5 – CURTIR O FIM DE TARDE E A NOITE NO BAIRRO BARRANCO

O bairro Barranco em Lima tem uma história parecida com a de outros tantos lugares. Bairro onde no passado os ricos e famosos da cidade construíram suas mansões de veraneio, depois ficou decadente. Há alguns anos  transformou-se no queridinho dos modernos e descolados da cidade. E, em seguida, no queridinho dos turistas também. Nele ficam as casas mais coloridas e as antigas mansões coloniais mais charmosas de Lima. É também o bairro de vários bons restaurantes e bares, discotecas e lugares para dançar e ouvir música ao vivo, ateliês de artistas, lojinhas descoladas, pequenos museus e galerias.

Li o excelente post da Manu Tessinari sobre o Barranco e fui na sua dica de começar o passeio pela Biblioteca Municipal, onde há um local para pegar informações turísticas e mapas da cidade. Próximo dela, a bonita La Ermita, a Puente de los Suspiros, o mirante com vista para o Oceano Pacífico  e a Bajada de Baños, um caminho que leva à praia. Ao lado da Puente, uma ruazinha de bares em casinhas coloridas. A alguns quarteirões dali fica a rua conhecida como Malecon Saenz Peña, onde fica a Dédalo, lojinha das mais badaladas do pedaço, e a Galería Lucía de La Puente. Da Biblioteca  também sai a charmosa Av. Pedro de Osma, onde ficam os museus Pedro de Osma e MATE, um próximo do outro. O primeiro é um casarão antigo com um conjunto de bonitas pinturas cusquenhas e o segundo um instituto criado pelo Mario Testino, famoso fotógrafo peruano. A Manu conta mais sobre o MATE aqui.

Entre os melhores restaurantes no Barranco, há o lindo e gostoso Amor Amar e o super moderninho mistura de bar e restaurante Ayahuasca, que ficaram na minha lista de desejos para uma próxima viagem 😛

E OS SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS EM LIMA?

Já sei que vou apanhar de alguns: como assim você não citou entre as coisas imperdíveis em Lima a visitação de algum sítio arqueológico na cidade ou na vizinhança?? É porque realmente acho este apenas o item 6 na lista de coisas imperdíveis na cidade 😀

Pachacámac, provavelmente o  sítio arqueológico mais visitado, fica a 40 km da cidade em um local sem muita infraestrutura para o turista.Entre os sítios arqueológicos para visitação, fique com a Huaca Pucllana. É dentro da cidade, o lugar é pitoresco, o tour é completo e há todo um cenário de “bonecos” além de animais e plantações de verdade. O restaurante lá dentro é bem considerado e vista das ruínas é bacana à noite.

A Nat e o Fred do Sundaycooks foram a três sítios arqueológicos em Lima e contam a respeito deles aqui.

No blog Cup of Things da Manu, referência no que diz respeito a Lima, você vai achar dezenas de dicas bacanas da cidade. Inclusive este post que sugere o que fazer em Lima em um dia só.

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Comemos muito bem em Lima, mas Cusco foi uma grata surpresa. A cidade oferece experiências gastronômicas interessantes que complementam bem os passeios e fazem dela uma verdadeira delícia. Vale a pena escolher com cuidado os restaurantes em Cusco. E reservá-los é altamente recomendável.

Não esperava nada e talvez por isto tenha gostado muito do Cicciolina. Foi o meu preferido em Cusco. Ambiente aconchegante, com um bar onde dá para ficar no vinho e nos tapas, um pisco super gostoso (que infelizmente à noite brigou com o ‘mal de altitude’ nos meus sonhos) e pratos caprichados. Provamos a tradicional saralawa, uma sopa de milho com favas, ají amarillo e huacatay, uma erva nativa que lembra manjericão e hortelã (divina!). Esta sopa é bem típica da região e o cusquenho dificilmente faz uma refeição, seja almoço ou jantar, sem acompanhá-la com uma sopa quente. Também ficou na lembrança uma sobremesa delicadíssima, um mil folhas com creme de gengibre, recheado com cubos de manga e acompanhado por uma bola de sorvete de albahaca, o manjericão andino.

Gostei do Chicha, o restaurante do Gastón Acurio em Cusco. Ambiente simples, serviço um pouco desatento, mas nada que comprometa a experiência. Lá provei o tradicional  pastel de choclo e um prato que estava bem bom, a chaufa andina de quinua y cuy. O cuy, em uma milanesa crocante (chicharrón) e no ponto certo, vinha acompanhado de quinua com vegetais da estação. Outro prato que provamos também estava muito bom, o anticucho de corazón, espetinhos de coração de boi grelhados e muito bem temperados, acompanhados de batatas douradas, milho na manteiga e um molhinho delicioso.

O MapCafe, que fica dentro do Museo de Arte Precolombino, é literalmente um cubo de vidro com mesas no meio do pátio do museu. Ou seja, de dia o ambiente não tem muito charme, mas à noite, iluminado, fica interessante. O preço é meio salgado, mas a comida é bem criativa e gostosa. Lá comi uma versão gourmet do  prato da cozinha arequipenha solterito, que levava um purê morno de favas, mini legumes refogados, bolinhas de queijo de cabra e um chimichurri de favas, um prato lindo de olhar e de comer. As sobremesas são um capítulo a parte, divinas. Provei o beso de lúcuma en cinco texturas (líquida, cremosa, espumosa, crocante y arenosa, junto a un helado de chocolate y café de Quillabamba) que estava maravilhoso e um crujientes merengues de coco sobre piñas maceradas en Kirsch a la parrilla, crema de maracuyá y tapioca cocida en leche de coco y vainilla também muito bom.

Também gostamos do pequeno e despretensioso El Cafe de Mamá Oli. Um café pequeno que fica na Plazoleta Nazarenas e é uma delícia para almoçar rápido e barato ou para tomar um suco ou chá com um bolinho à tarde.

Infelizmente foram poucos os dias em Cusco e dois restaurantes que estavam na minha lista ficaram para uma próxima visita: o Limo e o Senzo do Virgilio Martinez, que fica no hotel Palacio Nazarenas.

Uma surpresa foi o almoço no restaurante da Hacienda Huayocari, que fica entre Cusco e Urubamba no Valle Sagrado. Uma fazenda antiga com uma vista bonita do vale e uma decoração linda com móveis e objetos antigos e algumas obras de arte. Todo um clima para um almoço mais caprichado e com comida bem gostosa. Vale para quem quer fazer um passeio mais preguiçoso. É imprescindível reservar.

A Natalie e Fred contam dos seus lugares preferidos para comer em Cusco, aqui. A Pat do Turomaquia também dá suas dicas de restaurantes, aqui. Mais dicas de lugares para comer em Cusco também do Edu Luz do DCPV  e da Jô Bibas do Arte Amiga.

 

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MELHOR ÉPOCA PARA IR

A melhor época do ano para ir a Cusco e Machu Picchu é  na época da seca, entre maio e setembro, considerada o inverno deles. Junho é o mês mais frio, mas em compensação quem vai neste mês pode se organizar para estar em Cusco na festa de Inti Raymi, em 24 de junho.  A temperatura no inverno oscila entre 4ºC e 20ºC. Não é aconselhável ir no verão, especialmente entre dezembro e março. As fortes chuvas, além de atrapalhar os passeios, podem causar alagamentos e desabamentos e o consequente fechamento de rodovias e ferrovias, inclusive a linha de trem que leva a Machu Picchu.

Mãe com bebê nas costas em Sacsayhuaman

COMO PLANEJAR A VIAGEM

O primeiro ponto importante a se pensar no planejamento da viagem é que voar de São Paulo a Lima e logo em seguida de Lima a Cusco (ou vice versa), leva praticamente o dia inteiro. Considere este dia perdido no seu roteiro. O primeiro dia em Cusco também é difícil pois quase todo mundo sente o ‘mal da altitude’ e não é aconselhável programar grandes passeios  antes de uma boa noite de sono na cidade.

Compañia de Jesus na Plaza de Armas de Cusco

Cuidado com o ‘mal da altitude’

Cusco está a 3.400 m acima do nível do mar e mesmo uma pessoa resistente vai sentir algum desconforto.  Dicas – testadas – para evitar o mal: a) não fazer grandes passeios no dia em que chegar, b) tomar mate de coca que melhora os sintomas do mal (não, não é um entorpecente),  c) não comer muito e nada pesado ou  gorduroso neste primeiro dia, d) não beber álcool (acredite, aquele pisco sauer não é tão inofensivo quanto parece) e e) beber bastante água. Obs. estas dicas valem para os demais dias se o ‘mal da altitude’ continuar a atacar com força. No  Sundaycooks, mais dicas sobre como prevenir o mal das alturas. A Lu Malheiros do Dividindo a Bagagem também conta de um remédio para este mal aqui.

Uma janela para o céu em Machu Picchu

A logística para visitar Machu Picchu

Não dá para comprar ingressos no local para entrar em Machu Picchu. É preciso comprá-los com antecedência, inclusive porque há um limite de  visitantes que podem entrar por dia.  A logística entre Cusco e Machu Picchu também é complicada. Primeiro é preciso pegar um táxi de Cusco a Poroy, um trajeto que leva 20 minutos. Em seguida um trem em Poroy que vai a Águas Calientes, viagem que leva cerca de 3 horas. Em Águas Calientes é necessário pegar um ônibus para chegar a Machu Picchu. Este último trajeto leva uns 40 minutos.  A volta é igual. Ou seja, a logística complicada e a compra de bilhetes com antecedência têm que ser consideradas no planejamento da viagem.

Aconselho fortemente utilizar uma agência de viagens para organizar este passeio.  Ou então comprar um bilhete (caro) de ida e volta no Hiram Bingham, que já inclui todos os traslados, bilhetes, guia em Machu Picchu, almoço, jantar e lanche. Se quiser se aventurar sozinho, o Fred do blog Sundaycooks explica como ir a Machu Picchu aqui. No Dividindo a Bagagem a Lu Malheiros também dá o caminho das pedras neste post. E o Gleiber do Andarilhos do Mundo fez um post completíssimo com o beabá de como chegar a Machu Picchu aqui.

Machu Picchu

Dormir ou não em Machu Picchu, eis a questão

Não há uma resposta exata para esta questão.  Depende muito do tipo de viajante que você é. Para os mais aventureiros, que além de visitar Machu Picchu vão querer escalar a montanha de Wayna Picchu ou subir até a Puerta del Sol, que é o ponto de chegada da trilha inca,  vale a pena considerar ficar mais de um dia e dormir no Sanctuary Lodge no próprio local ou em outro hotel na cidade de Águas Calientes. Isto também vale para quem não gosta de passeios muito corridos e prefere fazer as coisas com calma. Mas para o turista ‘ninja’ ou que tem um roteiro de viagem mais apertado, é perfeitamente possível visitar Machu Picchu em um dia só, saindo e voltando de Cusco. A Manu do blog Cup of Things explica aqui como fazer um bate e volta a Machu Picchu via Cusco.

Balcões de Cusco ao entardecer

O QUE VESTIR

Leve calças confortáveis e um bom sapato para caminhadas (que não escorregue nas subidas de escadas). No inverno, o ideal é vestir-se em camadas porque a amplitude térmica é grande. De dia, com sol, dá para ficar de camiseta de manga comprida ou até  manga curta. De manhã cedo e no final da tarde é mais frio. Muitos dos passeios são em lugares altos, que pedem um casaco que proteja contra o vento. Uma dica preciosa: em Cusco faz mais frio do que em Machu Picchu. Não pague o mico de levar um casacão pesado se for passar algumas horas em Machu Picchu, porque provavelmente vai passar o dia carregando-o nos braços.

Ruas de San Blas em Cusco ao entardecer

O QUE LEVAR

Cusco e Machu Picchu são lugares com altitude elevada, ar rarefeito e clima bastante seco. A incidência solar é muito forte e nos passeios pelo Valle Sagrado e por Machu Picchu há poucos lugares sombreados. Assim, é importante levar chapéu, óculos escuros, filtro solar e água.  Um bom casaco corta-vento, mochila leve para levar água, lanche, máquina fotográfica. Você vai precisar das mãos livres para fotografar e segurar nas pedras. Depois do Atacama, Cusco e Machu Picchu são os lugares mais fotogênicos que eu conheço.

COMO ESCOLHER OS PASSEIOS EM CUSCO

Escolher o que visitar em Cusco vai depender muito do tempo que você tem na cidade. Considere que no primeiro dia em Cusco não dá para fazer muita coisa por conta do ‘mal da atitude’. Reserve um dia inteiro para ir e voltar de Machu Picchu. E lembre-se que se for voar de volta ao Brasil saindo de Cusco terá que fazer a escala em Lima e isto vai levar um dia inteiro também. Ou seja, nesta brincadeira já são duas noites em Cusco. Se você tem tempo disponível, vale a pena comprar o Boleto Turístico e reservar três dias inteiros para tours pelo Centro Histórico e pelo Valle Sagrado.

A Natalie e o Fred do blog Sundaycooks fizeram isto e contam aqui.  O Gleiber do Andarilhos do Mundo explica em detalhes como é o Boleto Turístico aqui. Caso você não tenha este tempo todo, pode fazer um roteiro mais enxuto, como por exemplo este roteiro muito bom da Manu Tessinari do blog A Cup of Things.

Valle Sagrado

Como passear em Cusco em apenas dois dias

Minha sugestão de roteiro em Cusco para quem tem tempo limitado é quase similar a da Manu. Não vale a pena comprar o Boleto Turístico e fazer todos os passeios através de agências. O centro da cidade de Cusco é pequeno e dá tranquilamente para visitar as principais atrações a pé, com a ajuda de um mapa, que a maioria dos hotéis fornece gratuitamente. Pontos imperdíveis no Centro Histórico: o Qorikancha (ou Templo de Santo Domingo) e a Catedral. Em ambos, não faça economia e pague um(a)  guia que fica no local, vale super a pena. Entre os museus, se for para escolher um, vá ao Museo Inka.  O bairro de San Blas, com suas ruas estreitas cheias de lojinhas de artesanato, é bacana para passear.

Fios tingidos naturalmente para a tecelagem peruana

Pule o ‘combo’ Sacsayhuamán, Q’enqo, Puca Pucara e Tambomachay. Estes sítios arqueológicos vizinhos a Cusco são interessantes, mas menos do que os sítios arqueológicos do Valle Sagrado. O ingresso de entrada vale para os quatro locais e não dá para pagar menos para ver só um deles. Ou seja, vá só se tiver tempo livre.

Caso contrário, deixe para visitar o Valle Sagrado que tem atrações mais interessantes, entre elas os imperdíveis sítios arqueológicos de Ollantaytambo, Moray e Pisac; as Salineras de Maras, o mercado de artesanato em Pisac. Para quem vai com crianças, é legal passar por Awanacancha, um local onde é possível  ver de perto alpacas e lhamas e alimentar os animais, além de  ver uma  pequena demonstração de como são feitos e tingidos os fios utilizados nos tecidos peruanos.

 

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Sempre que contava que estava indo ao  Peru, tinha alguém para dizer “ah, você vai comer muito bem lá!”

De fato comi muito bem no Peru. Não só em restaurantes caros, mas em botecos e lanchonetes – no caso, cevicherias, sangucherias e anticucherías.

Mas não é só. Conheci um país apaixonado por comida e pela culinária.

Um país feito de comida muito boa, variada, colorida e criativa. Um país com alma gastronômica.

Claro que há outros! Ninguém questiona a França, a Itália, a Espanha. Mas na América Latina acredito que o Peru é um caso único. Quase todo peruano com quem conversei, de guias turísticos a taxistas,  é um entusiasmado por comida. Desfiam receitas, contam dos hábitos de comida na família, o que comem nas festas e têm na ponta da língua um restaurante para indicar.

E fiquei pensando no porquê desta paixão toda. Como foi que este país  firmou este inconsciente coletivo gastronômico tão forte. Bom, tenho cá a minha teoria. De leiga, claro.

Ceviche do Astrid & Gastón, o melhor.

Gastón Acurio

Começo pelo fim, que aqui é o Gastón Acurio. Muitas das pessoas com quem conversei no Peru acreditam que Gastón Acurio é o grande responsável por este boom gastronômico do país. Não só na sua função de chef e dono de restaurantes, mas também pelo seu papel social. A  história do Gastón Acurio é muito interessante.  Seu pai, advogado por formação e político  de carreira, queria ver o filho sucedendo-o. Mandou-o para a universidade em Madri para estudar Direito.  Na Espanha, Gastón conheceu Juan Maria Arzak e se apaixonou pela gastronomia. Largou a faculdade de Direito e acabou no Cordon Bleu em Paris. Ali se formou e voltou ao Peru em 1994 com sua esposa Astrid. Seu sonho era sofisticar a culinária peruana e o cenário gastronômico em Lima. Para tanto, abriram um restaurante francês, o Gastón & Astrid.

“Que sentido tiene la gastronomía peruana, sino puede contribuir al desarrollo del Peru, que sentido tiene una gastronomía peruana conviviendo con desnutrición, hambre y desigualdad de justicia, no tiene sentido”  (Gastón Acurio)

Mas aí que vem a parte bacana. Gastón começou a viajar pelo Peru. E começou a perceber a riqueza que tinha em mãos. Uma quantidade imensa de ingredientes diferentes. Uma história culinária rica, variada, espalhada pelos mais diversos cantos do país. Começou a explorar a culinária nativa e a fazer parcerias com produtores locais.

Em 2007 abriu uma escola superior de culinária em Pachacútec, distrito na periferia de Lima.  Empresas privadas peruanas e ONGs espanholas ajudaram a financiar o negócio. A mensalidade do Instituto de Cocina Pachacútec gira em torno dos 60 soles (cerca de R$ 50) enquanto escolas do mesmo nível chegam a ter mensalidades de dois mil soles. Há também uma política de empréstimos estudantis. Gastón Acurio arrastou com ele outros chefs de cozinha, outros empresários.

Hoje, o Peru tem mais de 40 escolas superiores de gastronomia espalhadas pelo país. É o único país da América do Sul que tem um instituto Le Cordon Bleu. Muita gente simples vem aprendendo e encontrando sua carreira nesta área.

Mercado de Surquillo, em Lima. Tem de tudo mesmo!

Diversidade climática

O segundo aspecto importante é que o Peru é um país privilegiado pela variedade de microclimas. Esta variedade traz uma grande riqueza de ingredientes. Claro, o Brasil também é assim. Mas pensem no tamanho do Peru em relação ao tamanho do Brasil. Imaginem sair de São Paulo e em uma hora de voo chegar aos Andes ou à selva amazônica. E ter gente no país todo preocupado em resgatar e explorar ingredientes locais. É mais ou menos isto.

E o Peru tem três fatores determinantes nesta história. O primeiro são as correntes marítimas. A  Corrente de Humboldt, de águas frias ricas em plâncton, vem do Pólo Sul. Do Norte vem a corrente quente proveniente do Pacífico Central, o famoso El Niño.  As águas frias ao chegar na costa peruana recebem insolação tropical, se aquecem e afloram. Na superfície se acelera o processo de fotossíntese e o fitoplancton se torna mais nutritivo, iniciando uma cadeia alimentar que faz do mar peruano o mais produtivo do planeta.

Já na Cordilheira dos Andes uma grande quantidade de rios abrem espaços pelas montanhas. Alguns vão para o Pacífico e outros à foz do rio Amazonas. A região é muito rica em recursos minerais e formam-se vales com terras férteis pra a agricultura. A variedade de altitudes permite que se desenvolvam cultivos muito variados. Por fim, o Peru tem a Amazônia, região com a maior biodiversidade do planeta. Tudo isto muito próximo, com grande intercâmbio de culturas e experiências.

Terraços de agricultura no sítio arqueológico de Pisac.

Finalmente, os incas

Mas acredito que há algo mais que faz este país amar tanto a comida. A base está lá, mas e a alma? Fui aos poucos pensando no assunto e após visitar Machu Picchu cheguei ao terceiro ponto da minha teoria. Nosso guia em Machu Picchu era um verdadeiro professor de História, que conseguiu afastar nossa ‘lente cultural’ e abrir nossos olhos para outras formas de pensar. E de repente me vi pensando que está nos incas, este povo que tanta influência tem no povo peruano, o terceiro elo.

Pois bem, explico. Os incas são um povo primitivo mas, ao contrário da maioria deles, não um povo guerreiro. Praticamente não existem armas ou adereços de defesa deixados por eles. Não existem fortalezas. Praticamente não há registros nas cerâmicas (que registram TUDO o que os incas faziam, inclusive sexo e lavar o cabelo, por exemplo) de guerras ou batalhas. Mas como pode ser assim se o Império Inca conquistou em menos de 100 anos uma superfície de um milhão de quilômetros quadrados, do Equador ao norte da Argentina e do Chile? Pois aí que está a beleza da coisa.

Os incas eram, por natureza, um povo essencialmente agrícola. Não há fortes, mas há uma quantidade incrível de ‘terraços’ para agricultura, o sistema de cultivo por curvas de nível. Já se sabe, por exemplo, que Machu Picchu não era uma fortaleza e nem uma cidade propriamente dita, mas um santuário onde moravam nobres e sacerdotes, e onde se praticava a religião e a ciência. Que eram a mesma coisa. Uma ciência voltada essencialmente à previsão do tempo e ao desenvolvimento de técnicas agrícolas.

Em Machu Picchu há um calendário de pedra que estuda a insolação. Lá foram encontradas sementes de milho geneticamente modificadas, entre outras. Acredita-se que foram eles que transformaram as batatas originalmente pequenas em batatonas e o milho de grãos pequenos e em milhos de grão gigante. Os incas desenvolveram uma técnica (adotada até hoje) que permite desidratar batatas, que assim chegam a durar anos próprias para o consumo. Os incas  adoravam os deuses que influenciavam diretamente esta prática, como o Sol, a Lua, a Água, os Raios e os Trovões.

E como conquistaram tanto território desta forma pacífica? Sempre tinham excesso de produção agrícola. Seus depósitos de comida estavam quase sempre cheios. E era assim que faziam. Conquistavam outros povos pelo estômago 😛

Enfim, quem gosta de comer e explorar experiências gastronômicas, tem no Peru um prato cheio. Sem trocadilhos 😉

 

 

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Além de passear pela Rioja, visitamos duas vinícolas muito bacanas na região.  Recomendo vivamente as duas, foram experiências muito legais para quem curte vinhos.

López de Heredia – Viña Tondonia

Com instalações bonitas, que têm toda uma história, nesta vinícola que fica na cidade de Haro a palavra de ordem é tradição. Ao contrário do que vimos nesta região e também em Ribera del Duero, na López de Heredia o pensamento é um pouco diferente da maioria das vinícolas espanholas que produzem vinhos de alta qualidade.  Aqui, vários métodos antigos são adotados com convicção.

Entre eles, por exemplo, a fermentação  feita em grandes barricas de madeira e não em tanques de aço. A temperatura é controlada manualmente com jatos de água fria e abrindo-se e fechando-se janelas e portas do galpão onde ficam estes tanques. Os vinhos Tondonia fermentam em barricas não necessariamente novas, mas que podem ser reutilizadas por até 25 anos, pois seus produtores acreditam que os vinhos antigos vão dando sabor e personalidade aos novos vinhos que chegam para a fermentação. Os 4 km de túneis são forrados de limo, que também creem ser benéfico aos seus vinhos. A impressão que se tem é de estar em uma mina, onde inclusive há trilhos de antigos vagões que transportavam os barris para fora dos túneis. Nestes túneis não há qualquer controle de umidade e temperatura, é tudo natural.

Há também aqui uma tanoaria, uma fábrica de barris de vinho, e é muito bacana aprender como são montados os barris. Mais ainda, ao invés de utilizar os barris uma única vez, a Tondonia desmonta-os e refaz novos barris utilizando madeira nova e madeira de barris já usados para hacer la crianza. Nossa degustação na Tondonia foi fantástica. Tomamos dois vinhos Gran Reserva de mais de 20 anos e curtimos muito sentir as diferenças entre vinhos que envelhecem por pouco e por muito tempo. Nossa guia  era muito boa.  Vale a pena reservar a visita a esta vinícola.

Marqués de Riscal

O contraste da Marqués de Riscal com a Viña Tondonia é curioso. Nesta vinícola, localizada na cidadezinha de Helciego, respira-se modernidade. O conjunto da vinícola tem prédios antigos mas é o novo prédio do hotel Marqués de Riscal, projetado pelo arquiteto Frank Gehry, que dá o tom da filosofia da vinícola. Aqui, as proporções são grandes, a produção idem e é tudo prático e moderno.

Nesta visita, guiada por gente muito simpática e com excelente conhecimento do negócio, o bacana foi ver a linha de produção de engarrafamento, enrolhamento, rotulagem e outros processos. Adorei ver a colocação daquela ‘redinha’ de metal dourado nas garrafas do Marqués de Riscal Reserva e Gran Reserva. Aqui fizemos também a melhor degustação de todas as vinícolas, considerando-se o ‘conjunto da obra’.

Vale a pena visitar a Marqués de Riscal e, de lambuja, almoçar neste restaurante incrível.

 

 

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Depois do passeio pela região de Ribera del Duero, onde visitamos as vinícolas Torremilanos, Pesquera e Protos, seguimos para La Rioja. Aqui, um pouco do hotel onde ficamos, dos restaurantes que gostamos e dos passeios que fizemos na região. Semana que vem, mais das vinícolas da Rioja.

Um curiosidade interessante, eu ao menos não sabia, é que existe na região um rio chamado Oja. Pelo que a região ficou conhecida como Rioja 😀

Hotel

Desta vez, ao contrário do que fizemos em Ribera del Duero, resolvemos ficar hospedados em um hotel dentro da cidade. A Hospederia de Los Parajes, um hotel charmoso e cheio de bossa, ficava na cidade de Laguardia, que era igualmente charmosa e bacana. Alguns quartos barulhentos, mas nada que comprometa. Os quartos que dão para a frente do hotel, com vista para a rua, são maiores e mais caros. Os outros tem janelas que dão para um pátio interno, mas são boas acomodações. Há um spa no hotel que parece ser uma delícia. Infelizmente não usei, não posso opinar 😉 No subsolo do hotel há uma antiga bodega, na realidade um local onde se armazenavam os barris de vinho para envelhecer (ou hacer la crianza) e que foi transformada em bar. É curioso, dê uma olhada, mesmo que não opte por se hospedar ali.

Conhecemos duas outras opções de hotéis na região. O primeiro é o próprio hotel  Marqués de Riscal, que dispensa grandes apresentações. Já foi eleito o melhor hotel rural da Espanha e tem ambientes luxuosos, vistas lindas, quartos super confortáveis e um spa muito completo. O outro hotel, da mesma linha luxo, foi uma surpresa encontrada no meio do caminho, o hotel Viura.

Restaurantes

Foram dois os restaurantes que merecem ser mencionados na Rioja.  O primeiro deles é o Las Duelas, que fica na cidade de Haro. O restaurante fica dentro do hotel Los Agustinos, que foi um antigo monastério e uma cadeia, entre outras coisas. É uma delícia sentar do lado de fora, no corredor do antigo claustro do mosteiro. Com uma adega muito boa, não deixa nada a desejar na comida também. Tudo super gostoso e caprichado, comemos um excelente bacalhau fresco e uma torrija caramelizada de sobremesa que estava divina.

O outro restaurante dispensa grandes apresentações. Aproveitamos a visita à vinícola e almoçamos no restaurante Marqués de Riscal, que fica dentro do hotel do mesmo nome, na cidadezinha de Elciego. Um dos mais conhecidos da região, agraciado com uma estrela no guia Michelin em 2012, o restaurante é bastante disputado e recomenda-se fazer uma reserva prévia. O prédio do hotel é incrível e foi projetado pelo Frank O. Gehry, arquiteto canadense responsável também pelo Museu Guggenheim de Bilbao. A vista é linda, o lugar é transado, a comida é ótima. Optamos pelo menu-degustação Torrea e não nos arrependemos. Aproveite o almoço lá para fazer uma visita à vinícola, vale a pena.

Passeios

Laguardia

A cidade onde ficava nosso hotel, Laguardia, é imperdível. Uma cidade medieval, cercada de muralhas e com quatro grandes portas que a comunicam com o exterior, duas com vistas bonitas para o vale. Na cidade não circulam carros. Não só pelo óbvio motivo das ruas serem estreitas, mas porque muitas das casas alugam  seus porões para vinícolas armazenarem seus barris de vinhos.  Dizem que a trepidação dos carros seria prejudicial ao processo. Assim, toda casa da cidade tem no subsolo sua cueva, ou bodega, sendo que nem sempre esta corresponde ao tamanho da casa. Há casas pequenas com bodegas enormes, e vice-versa. As portas antigas e as igrejas são bonitinhas, em especial a Iglesia de Santa Maria de los Reyes que é uma surpresa por dentro. No Paseo del Collado, pracinha/alameda em frente à igreja, há uma escultura/instalação do artista Koko Rico, chamada Viajeros (ou Bidaiariak Izenekoa no idioma basco) , na qual duas mesas de bronze  expõem sapatos e bolsas de caminhantes. Muito bacaninha 😉 O único senão é que as atrações turísticas da cidade estão quase sempre fechadas e o modo mais fácil de fazer turismo em Laguardia é mesmo através do escritório de turismo local.

Elciego e Haro

A grande atração de Elciego é o conjunto da vinícola Marqués de Riscal. Haro, por sua vez, é outra cidadezinha charmosa onde é possível parar para caminhar, tomar um café, olhar os pequenos mercados e as casas. Mas Elciego e Haro são interessantes por outra razão. Ao redor destas duas cidades (e de Laguardia e Logroño, que formam um quadrilátero com elas) há uma série de prédios de hotéis e vinícolas que são um prato cheio para arquitetos e designers. Além dos prédios e instalações dos hotéis Marqués de Riscal e Viura, há os prédios super bacanas das vinícolas Ysios, Viña Real, Regalia de Ollauri, Darien e Baigorri.

Logroño

A maior cidade desta lista é também a mais cosmopolita da região. Como Logroño é uma das cidades que faz parte do Caminho de Santiago, é interessante ver as pessoas passando, alguns a pé, outros de bicicleta, rumo a Santiago. No escritório de turismo local há um mapa que mostra o roteiro dos peregrinos dentro da cidade e as principais atrações, como as igrejas de Santa Maria de La Redonda (onde há um quadro de Michelangelo escondido entre outros), San Bartolome e Santiago El Real. Na praça ao lado desta última igreja, não deixe de ver El Juego de La Oca (o “jogo do ganso”), um tabuleiro de jogo desenhado e esculpido no chão, que recria o Caminho de Santiago. Diz a lenda que foi inventado pelos templários no século XI. El Cubo del Revellín, uma torre que é parte da antiga muralha da cidade, vem sendo restaurada e abriga uma pequena exposição audiovisual mostrando a ocupação da cidade.

Mas Logroño também tem uma atração gastronômica interessante. Nos mesmo moldes da Cava Baja de Madri, a Calle Laurel é uma rua estreita, charmosa, de poucos quarteirões, que tem dezenas de bares de tapas e onde é uma delícia ir de bar em bar bebendo uma taça de vinho e provando tapas diferentes. Começamos pelo La Taberna de Laurel, onde provamos as famosas patatas bravas do local. No Juan e Pinchame provamos a especialidade da casa, a brocheta de langostino con piña. E em algum outro local do qual, infelizmente, não me lembro o nome, comemos um excelente pulpo a la gallega e croquetas incríveis.  Se estiver pela cidade, não deixe de passar por lá. 

Santo Domingo de la Calzada

Esta cidade é interessante primeiro por também ser passagem de peregrinos rumo a Santiago. Nela há o Albergue de Peregrinos administrado pela Cofradía del Santo, que tem as instalações mais modernas e confortáveis do Caminho.  Santo Domingo ficou conhecido pelas curas milagrosas de peregrinos e a Catedral, bonita e interessante, tem um conjunto de nove quadros nas paredes que relembram os milagres do Santo. Dentro da Catedral não deixe de ver El Galinero – isto mesmo, um galinheiro onde na maior parte do ano (entre 25 de abril a 13 de outubro) são mantidos um galo e uma galinha brancos, vivos, para relembrar o milagre mais famoso do Caminho de Santiago e um dos mais populares na Europa Medieval.  “Santo Domingo de la Calzada, donde cantó la gallina depués de asada” 😀

 

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